A Taça Libertadores mudou, cresceu e passa a estender-se por quase todo o ano a partir de 2017. O quadro final de participantes na grande competição sul-americana de clubes está agora completo e o sorteio marcado para quarta-feira, poucos dias depois de um Mundial de clubes que deixou a América do Sul fora da decisão: o seu representante, o Atletico Nacional, caiu na meia-final. O objetivo anunciado é melhorar a competitividade do futebol do continente, mas restam muitas dúvidas sobre o sucesso do novo formato. Que, para já, começou por perder o México.

O futebol mexicano fazia regularmente parte da Libertadores desde 1998, como convidado a juntar-se aos clubes dos dez países sul-americanos. Mas as mudanças anunciadas levaram a Federação mexicana a recusar a participação.

Em causa está o novo calendário da Libertadores, a primeira grande mudança. A prova, que já teve uma série de formatos, tinha estabilizado numa fórmula que ocupava metade do ano, com a consagração do campeão no verão. Agora, a Conmebol decidiu que passa a estender-se por quase todo o ano, de fevereiro a novembro. A decisão foi anunciada em setembro e muita gente foi apanhada de surpresa. A começar pelo México, que acabou por dizer não, com o argumento de que aquele calendário entrava em conflito com a decisão do seu campeonato e da Liga dos Campeões da Concacaf, onde os seus clubes também participam. Ficou em aberto que a posição mexicana seja revista para 2018.

A Conmebol justificou as mudanças com o objetivo de dar «maior competitividade» ao futebol sul-americano. «Os clubes não deviam ter de escolher entre competir no torneio nacional ou continental. Harmonizar os calendários aumenta a qualidade de ambos», defendeu.

O argumento é de que, com mais intervalo entre jornadas e eliminatórias, a gestão será mais fácil para os clubes. Mas esse argumento levanta várias questões, nomeadamente porque mesmo entre os países da América do Sul o calendário dos campeonatos nacionais tem grandes diferenças. No Brasil, por exemplo, o campeonato joga-se de maio a dezembro, mas na Argentina, atualmente, tem sensivelmente o mesmo ciclo temporal dos campeonatos europeus, de agosto a maio. Ou seja, nesse caso uma edição da Libertadores estender-se-ia por duas épocas diferentes.

E depois há outras questões, como por exemplo o mercado de transferências. Uma temporada de Libertadores vai apanhar a janela de mercado de verão na Europa, altura em que muitos clubes sul-americanos vendem os passes de alguns dos seus melhores jogadores. Portanto, o panorama de uma equipa pode mudar muito a meio da prova.

Por trás das mudanças promovidas pela Conmebol estará também a motivação financeira: mais jogos, mais televisão, mais dinheiro. Mas por aí ainda não é claro o que mudará. O organismo não disse ainda se haverá alterações no «prize money» de uma competição que este ano atribuiu 7,75 milhões de dólares (cerca de 74, milhões de euros), sem comparação com os valores da europeia Liga dos Campeões, onde o Real Madrid ganhou esta época 80 milhões de euros pelo título, somando prémios e o valor de «market pool».

A questão financeira é obviamente um dos temas mais sensíveis e esteve na origem de críticas de alguns dos grandes clubes do continente e mesmo da ideia que chegou a andar no ar de uma competição alternativa. O novo formato é também uma resposta da Conmebol a esse descontentamento.

Até agora participavam na Libertadores 38 clubes. A Conmebol aumentou esse número para 44, que passou para 47 com a saída do México. Aí, foi decidido atribuir seis vagas suplementares, a clubes que disputarão uma primeira pré-eliminatória por três lugares na ronda seguinte. Segue-se uma segunda fase, a começar no final de janeiro, que terá 16 participantes, em duas rondas, para decidir os quatro últimos lugares na fase de grupos, a qual deverá arrancar em março.

Mesmo tendo crescido em número de equipas, a próxima Libertadores não terá mais peso histórico. Estão presentes 14 antigos campeões, contra 15 na edição anterior, e os títulos somados também são em menor número: de 33 para 31.

Também terá seis estreantes, três deles na fase de grupos. Antes de mais a brasileira Chapecoense, declarada vencedora da Copa Sul-Americana depois da tragédia que vitimou grande parte do plantel quando viajava para a final com o Atletico Nacional, e que nessa condição entra direto para a fase de grupos. Depois, também os bolivianos do Sport Boys e os venezuelanos do Zulia, também eles na fase de grupos. Atletico Tucuman (Argentina), Sport Boys (Bolivia) e Carabobo (Venezuela) são os outros estreantes.

As mudanças na Libertadores estendem-se estendem-se à Taça Sul-Americana, a segunda competição de clubes do continente, que ocupava até aqui a segunda parte do ano. Também ela passa a ser mais longa, jogando-se de junho a dezembro. E, tal como acontece na Europa, passará a incorporar equipas que forem eliminadas no acesso à Libertadpres.

Os clubes que disputarão a Libertadores 2017:

Brasil

Palmeiras (fase de grupos)

Chapecoense (fase de grupos)

Gremio (fase de grupos)

Santos (fase de grupos)

Flamengo (fase de grupos)

Atlético Mineiro (fase de grupos)

Botafogo (segunda fase)

Atlético Paranaense (segunda fase)

Argentina

Lanús (fase de grupos)

San Lorenzo (fase de grupos)

Estudiantes (fase de grupos)

Godoy Cruz (fase de grupos)

River Plate (fase de grupos)

Atlético Tucumán (segunda fase)

Colômbia

Atletico Nacional (fase de grupos)

Independiente Medellín (fase de grupos)

Independiente Santa Fe (fase de grupos)

Millonarios (segunda fase)

Junior (segunda fase)

Bolívia

Sport Boys (fase de grupos)

Jorge Wilstermann (fase de grupos)

The Strongest (segunda fase)

Universitario de Sucre (primeira fase)

Chile

Universidad Católica (fase de grupos)

Iquique (fase de grupos)

Colo Colo (segunda fase)

Unión Española (segunda fase)

Equador

Barcelona (fase de grupos)

Emelec (fase de grupos)

El Nacional (segunda fase)

Independiente del Valle (primeira fase)

Peru

Sporting Cristal (fase de grupos)

Melgar (fase de grupos)

Universitario (segunda fase)

Deportivo Municipal (primeira fase)

Paraguai

Libertad (fase de grupos)

Guaraní (fase de grupos)

Olimpia (segunda fase)

Deportivo Capiatá (primeira fase)

Uruguai

Peñarol (fase de grupos)

Nacional (fase de grupos)

Cerro (segunda fase)

Wanderers (primeira fase )

Venezuela

Zamora (fase de grupos)

Zulia (fase de grupos)

Carabobo (segunda fase)

Deportivo Táchira (primeira fase )