*Enviado-especial ao Brasil

A figura: Neymar

Golo 100 na Copa, segundo bis e estatuto de herói reforçado. Neymar continua a levar o Brasil às costas e a fazer por esconder algumas debilidades desta equipa que, apesar do triunfo, continuam a ser notórias. O primeiro remate certeiro nem foi difícil, tal era o espaço que tinha para decidir. No segundo, tem o mérito de enganar o guarda-redes Itandje, depois de, mais uma vez, a defesa camaronesa abrir uma autoestrada, desarmada com um simples passe de primeira de Marcelo.

O momento: sosseguem brasileiros

Minuto 35. O jogo estava empatado há dez minutos, depois de Matip anular o golo inaugural de Neymar, e a apreensão poderia espalhar-se nas bancadas, apesar da evidente diferença de andamento entre as duas equipas em campo. Tratou de sossegar as hostes o suspeito do costume. Num lance que até começou com uma boa interceção de Nyom, a bola foi parar a Marcelo que, de primeira, deu em Neymar. O resto foi com o mago: arranca para a área, abre um bucaro e remata ao primeiro poste. Golo, claro.

Outros destaques

Fernandinho

Nem foi só pelo golo, o quarto do jogo, após disparate da defesa camaronesa e boa combinação com Oscar. Entrado ao intervalo, foi muito mais ativo do que Paulinho no meio-campo do Brasil. O médio do Manchester City não deu apenas musculo. Impôs-se na hora de sair a jogar e foi a ajuda que Luiz Gustavo e Oscar estavam a precisar para lançar o Brasil para a frente. Uma opção a ter em conta para as próximas batalhas.

Hulk

Entrou a todo o gás mas foi traído pelo nervosismo num par de jogadas. As arrancadas pela direita, aproveitando as debilidades de Bedimo, foram uma espécie de cartão de visita, até porque são habituais no «Incrível». Contudo, na hora de finalizar tremeram-lhe as pernas num par de ocasiões. A mais evidente aconteceu logo no início da segunda parte, quando foi isolado por Fernandinho, mas não conseguiu rematar. Antes já tinha desperdiçado uma grande jogada de equipa do Brasil, depois de uma má receção e um remate enrolado.

Fred

Acabou a seca. Ao terceiro jogo surgiu o primeiro golo do ponta-de-lança do Brasil, imitando Serginho, no Espanha 82, que também só aí conseguiu festejar. Mas o golo está ferido de legalidade, visto que Fred está em posição de fora-de-jogo aquando do centro de David Luiz. Para o avançado do Fluminense será sempre apenas um pormenor…

Marcelo

Os laterais do Brasil são conhecidos pela fome ofensiva e, neste final de tarde em Brasília, com Dani Alves mais inconstante, foi Marcelo a destacar-se. Aproveitando a simplicidade das tarefas defensivas, fez o que gosta mais: atacou. E aí também apostou no simples, como no passe para Neymar que deixou aos papéis a equipa camaronesa. Já fez o suficiente para não ser lembrado pelo autogolo que abriu este Mundial.

Matip

Assustou à primeira marcou à segunda. Após canto na direita, saltou com Thiago Silva e atirou à trave, com a bola ainda a resvalar no central brasileiro. No minuto seguinte, aproveitando o adiantamento no lance anterior, estava no sítio certo para desviar o centro rasteiro de Bedimo. Eficácia pela metade, em suma. Mas nem deu para sonhar.