Organizado pela FIFA desde 1977, o Campeonato do Mundo FIFA sub-20 é uma das provas que, ao longo dos anos, tem lançado mais estrelas para a ribalta do mundo futebolístico. Maradona, Prosinecki, Salenko, Rui Costa, Figo, Xavi, Casillas, Ronaldinho, Messi, Aguero ou Pogba foram só alguns dos nomes que esta competição ajudou a revelar em quase quatro décadas de existência.
 
A edição deste ano desta prova terá lugar na Nova Zelândia, a partir da madrugada de sexta-feira para sábado. Portugal estará presente, pela terceira vez consecutiva. Depois do vice-campeonato em 2011 e da chegada aos oitavos de final em 2013, a formação agora orientada por Hélio Sousa procura surpreender na prova neozelandesa. Com o estatuto de vice-campeões da Europa de sub-19, os jovens portugueses terão pela frente na fase de grupos as seleções do Senegal, do Qatar e da Colômbia.
 
Com uma geração na qual vão despontando craques como Rony Lopes, André Silva, Gelson Martins, Nuno Santos ou Tomás Podstawski, Portugal irá iniciar o seu caminho neste Mundial frente ao Senegal (5h da madrugada de sábado para domingo, hora portuguesa), defrontando de seguida o Qatar e a perigosa Colômbia. A tarefa não se afigura fácil para a equipa nacional, mas é quase «obrigatório» passar, pelo menos, esta fase de grupos.
 

Portugal teve um bom ensaio contra o Gana
 
À partida, os colombianos serão os principais rivais da equipa portuguesa. A formação orientada por Carlos Restrepo realizou um Campeonato Sul-Americano de sub-20 de grande nível e mostrou um conjunto bastante equilibrado e capaz de proporcionar bons momentos. Habitualmente montada para jogar em 4x2x3x1, a equipa colombiana pratica um futebol atraente, com um meio-campo criterioso com bola, uma dupla de centrais sólida, laterais ofensivos e alas (atenção a Lucumí e Quiñones!) rápidos e desequilibrantes. No ataque, Santos Borré parece ter tudo para ser uma das boas novas desta competição.
 
Quanto aos restantes rivais de Portugal, o Senegal mostra as habituais qualidades e defeitos das equipas africanas, com um conjunto bastante robusto e atlético mas ainda com algum défice do ponto de vista tático. O extremo Ibrahima Wadji, os médios Sidy Sarr e Serigne Niang e o poderoso central Mouameth Sané (do Dijon de França e já associado ao FC Porto) são os destaques individuais.

o Qatar, orientado pelo espanhol Félix Sánchez, chega a esta prova com o estatuto de campeão asiático de sub-19, primeiro título da história deste país. Num conjunto bastante homogéneo e bem mais maduro do que seleções doutras eras, destacam-se o médio Ahmed Al-Saadi e os avançados Moez e Afif, todos pertencentes ao Eupen, do segundo escalão do futebol belga.

A favorita Argentina e as restantes candidatas
 
Além do Grupo C, esta competição é composta ainda por mais cinco grupos.

O Grupo A é um dos mais exóticos da história dos Mundiais, estando ali inseridos os anfitriões neozelandeses e as seleções dos Estados Unidos, da Ucrânia e o estreante Myanmar.

Já o Grupo B é composto por Argentina, Panamá, Áustria e Gana. Os campeões sul-americanos são claros favoritos à vitória neste grupo e uns dos principais candidatos à conquista do troféu. Com estrelas como Gio Simeone, Tomás Martínez ou Driussi, o mais difícil será ficar pelo caminho. No entanto, atenção à interessante seleção austríaca e ao Gana, uma seleção com passado nesta prova e que conta com dois «portugueses» no seu plantel (Boateng do Rio Ave e Barnes Osei do Paços de Ferreira).
 
O Grupo D é, provavelmente, um dos mais atrativos e equilibrados desta prova, reunindo as seleções do México, Mali, Uruguai e Sérvia. Os sérvios foram derrotados por Portugal na meia-final do Euro sub-19 do ano passado e apresentam na sua convocatória alguns jogadores já apontados ao futebol português (Zivkovic ou Saponjic). Outro dos candidatos, o Uruguai, foi recentemente derrotado pela Seleção Nacional, em Taveiro, por três bolas a zero, num jogo de preparação.
 
Finalmente, nos grupos E e F, Brasil e Alemanha parecem ser os claros favoritos, se bem que no caso dos brasileiros exista também a forte oposição da campeã africana Nigéria. Hungria e Coreia do Norte tentarão a surpresa perante dois crónicos candidatos às provas de futebol jovem. Já os germânicos, que contarão com o benfiquista Mukhtar na lista de opções, terão pela frente as seleções do Uzbequistão, das Ilhas Fiji e das Honduras. Exotismo em estado puro.
 
Será, portanto, uma grande reunião de talentos, aquela que irá decorrer até ao próximo dia 20 de junho. Em seguida, apresentamos-lhe cinco desses potenciais craques:
 

André Silva, um nome para seguir com atenção
 
André Silva (Portugal):
O jovem avançado do FC Porto tem tudo para ser uma das figuras da equipa das Quinas neste Mundial. Alto, tem vindo a ganhar robustez e revela uma inteligência e uma maturidade acima da média. Tem uma relação natural com o golo e além disso, mostra atributos técnicos interessantes, segurando bem a bola e definindo com grande qualidade.
 
Rafael Santos Borré (Colômbia):
Aos 19 anos, o avançado do Deportivo Cali já é uma das estrelas da Liga colombiana. Móvel, pode atuar mais adiantado ou nas costas do ponta-de-lança. Oferece bons apoios, é inteligente e sabe desmarcar-se nas costas da defesa contrária. Entende cada vez melhor o jogo e tem vindo a progredir em termos de eficácia em frente à baliza contrária. Craque.
 
Andrija Zivkovic (Sérvia):
Extremo esquerdino, costuma atuar mais na direita e revela-se bastante virtuoso do ponto de vista técnico, tendo feito um claro «upgrade» em termos do um-para-um ao longo do último ano. Mais maduro, aparece diversas vezes na área, quer para assistir, quer para finalizar. Bate muito bem bolas paradas. Apontado recentemente ao Benfica, pode vir a ser uma das boas revelações deste Campeonato do Mundo.
 
Levin Oztunali (Alemanha):
Emprestado pelo Bayer Leverkusen ao Werder Bremen até 2016, este versátil médio promete ser uma das estrelas germânicas neste Mundial. Neto do histórico Uwe Seeler, jogou mais como médio-centro ao longo da última temporada, revelando grande qualidade na condução de bola e ao nível do passe. Defensivamente revela-se bastante cumpridor. Muito promissor.
 
Emmanuel Mammana (Argentina):
A central ou a lateral-direito, tem sido titular de forma regular ao serviço do River Plate. Defensivamente seguro, revela qualidades ao nível da antecipação e do roubo de bola. Tem uma inteligência acima da média para um jogador da sua idade. Tecnicamente, mostra pormenores realmente muito interessantes.