A pedopsiquiatra Ana Vasconcelos defendeu, esta quarta-feira, em tribunal, uma «responsabilidade parental conjunta» como possível solução para a situação da menor Esmeralda Porto, que, no seu entender, poderia crescer melhor se ficasse a viver com a mãe.

Ouvida na primeira sessão do processo interposto pela mãe da criança, Aidida Porto, que requereu o poder paternal e a guarda da menor, a pedo-psiquiatra que tem acompanhado a menor desde Dezembro de 2008 admitiu que Esmeralda poderia ter um «melhor crescimento» nos próximos anos se passasse a viver com a mãe, mas sublinhou ser igualmente importante ouvir a técnica que tem acompanhado a menina em casa do pai.

Ana Vasconcelos foi a primeira perita a ser ouvida - num depoimento que vai prosseguir à tarde com as questões do mandatário do pai da criança, Baltazar Nunes, que detém a guarda da menor desde Março de 2009 -, depois do tribunal ter ouvido o depoimento, como testemunha, do director do Centro Amboim Ascensão, Luís Vilas-Boas.

A pedopsiquiatra, que deixou de acompanhar a menor em casa do pai a partir de meados de 2009 - por ter sentido que o pai não aderia à sua proposta de criação de «pontos de passagem» entre os três «territórios» que Esmeralda construiu na sua cabeça -, afirmou que Aidida Porto tem procurado facilitar as relações da criança tanto com o pai como com o casal que a criou (Luís Gomes e Adelina Lagarto), para que a situação não lese a filha psicologicamente.

Por outro lado, disse, tem criado com ela laços de «familiaridade e intimidade».

«A minha convicção hoje é que tudo o que tenho visto concorre para que haja responsabilidades parentais conjuntas, em que o pai guardião permita a partilha com o outro pai», disse Ana Vasconcelos, frisando que a sua percepção «tem que ser sempre complementada com a resposta da drª Florbela», a quem pediu que acompanhasse a criança em casa do pai quando percebeu que este tinha um bom relacionamento com aquela técnica.

Ana Vasconcelos disse perceber que a pequena Esmeralda parece «mais liberta» em casa de Aidida e afirmou que o casal Luís Gomes e Adelina Lagarto tem ajudado na adaptação à nova realidade.

Lamentando não ter podido fazer uma avaliação psicológica nem ao pai da criança nem a Esmeralda, Ana Vasconcelos disse ter feito com a menor um teste de auto-avaliação que, no seu entender, é revelador de que neste momento a menina já identifica perfeitamente a casa da mãe e a casa do pai, encarando a casa onde cresceu como um local onde pode sempre ir e é bem-vinda mas que não é a sua casa.

Aidida Porto entregou a filha, quando esta tinha três meses, ao casal Luís Gomes e Adelina Lagarto, num momento em que o pai não havia ainda reconhecido a paternidade.

Hoje, volta a requerer o poder paternal e a guarda da menor alegando ter agora condições económicas e estabilidade familiar para acolher a criança.