Fala-se do nome do F.C. Porto e Taborda sorri. Os olhos do guarda-redes da Naval brilham por breves momentos. É como se estivesse a viajar no tempo, até à altura em que o dragão era a sua casa. «É sempre especial para um jogador que já passou pelo F.C. Porto defrontar a sua ex-equipa», explica a pedido do Maisfutebol. Por isso, o jogo de sexta-feira, na Figueira da Foz, será mais do que uma partida de futebol: «Vai ser uma enorme satisfação ajudar a minha equipa a roubar qualquer coisinha ao adversário». Se possível pontos.
Mas antes tudo, é melhor recuar no tempo até à época 1997/98. Pedro Taborda era um jovem sonhador, tinha 19 anos e era o terceiro guarda-redes do Freamunde. Até que a sua vida deu uma grande volta: «Fizemos um jogo-treino com o F.C. Porto. O treinador-adjunto perguntou ao mister Acácio Casimiro se o miúdo ia entrar». O miúdo era o próprio Taborda. «O mister disse-lhe que sim. Perguntou-me se estava quente, respondi-lhe afirmativamente. Era Verão e tinha estado a ver o jogo ao sol». Até que entrou em campo e brilhou. «Atrás da minha baliza tinha um senhor chamado Mlynarczyk. Sempre que fazia uma defesa, ele fazia o gesto dessa defesa». Não sofreu nenhum golo e no final teve a consolação dos predestinados.
«No final do treino, as pessoas do F.C. Porto queriam falar comigo. Soube-o pelos meus colegas». Mas o jovem guarda-redes não se acreditou: «Pensei que fosse brincadeira». Mas não era. «Só me acreditei quando o mister me disse que era verdade. E assinei contrato por quatro épocas». Assim chegou às Antas, onde venceu o tetracampeonato. «Entrei na história do clube, apesar de não ter feito nenhum jogo. Foi com grande satisfação que festejei aquele título». E aí foi colega de Rui Correia, Eriksson e Hilário.
«Ainda posso regressar ao F.C. Porto
Taborda tão depressa chegou ao pico como caiu da montanha num piscar de olhos: «Foi bom ter passado pelo F.C. Porto, sabia que não podia ficar lá muito tempo, porque não tinha experiência». Foi emprestado ao Ermesinde, da 2ª Divisão B, onde esteve três épocas e trabalhou sob a orientação de António Frasco e de Nicolau Vaqueiro. «Tive de andar rasteiro», confessa por entre uma expressão de desilusão: «O que se passou comigo foi a história de dar tempo ao tempo para mais tarde colher os frutos». Mas os frutos não surgiram na árvore do dragão. Regressou ao Freamunde, onde esteve duas épocas, e na temporada passada assinou pela Naval. Até hoje.
«Já dei muitas cambalhotas e já fui injustiçado», confessa o guarda-redes, recusando a ideia de ter a oportunidade de se vingar do F.C. Porto no jogo de sexta-feira: «A vingança é uma palavra muito dura. Vai ser um jogo tranquilo, quero mostrar o meu melhor, sem ansiedade. É difícil, mas não será impossível». E sobre a sua carreira, aos 27 anos, nada está perdido: «Ainda sou novo e posso regressar ao F.C. Porto, quem sabe?»