O valor de Neymar ficou evidente nos últimos anos e quem ainda tinha dúvidas deve tê-las perdido depois da Confederações.

Mas será que o Astro brasileiro está preparado para enfrentar as exigências do grande futebol europeu?

Rui Malheiro, especialista em futebol internacional, vê esse casamento entre Barça e Neymar a surgir no tempo certo: «Aliás, foi a concretização em casamento de um namoro extenso. Superar a concorrência de Real Madrid, que fez todos os esforços para afiançar a sua aquisição, dos grandes clubes ingleses e do Bayern de Munique, sabendo que era um pedido de Guardiola, seria bastante para cunhar um sinal de força perante os rivais internos e externos no ataque ao mercado, mas o que acaba por ser mais notório é que se materializou a vontade do jogador», acrescenta o analista, para depois especificar: «Conquistar o quinto título espanhol em seis anos será sempre encarado como normal, mas o grande objetivo culé passará por voltar a vencer a Liga dos Campeões. Neymar não será para o Barcelona mais uma peça que se encaixilhará numa máquina vitoriosa. Será, sim, um jogador nuclear para cravar, através da sua velocidade, aceleração, capacidade para conduzir a bola em progressão, exímia qualidade técnica e excelentes atributos na definição dos lances, desequilíbrio, acutilância e verticalidade, elementos que reformarão a forma como o Barcelona ataca. Isto significa ganhar mais um jogador capaz de resolver, mesmo respeitando a hierarquia, em detrimento de um extremo/avançado cuja principal missão é amparar Messi. Renovar a estrutura na estabilidade é um carimbo azulgrana.»

Para Rui Malheiro, «Neymar soube gerir o momento da sua saída do futebol brasileiro». «Podia contentar-se com o estatuto de rei incontestável do Santos e do futebol brasileiro: basta atentar que no ano civil de 2012, anotou 56 golos em 66 jogos oficiais. Neymar sabia que era pretendido por todos os colossos do futebol europeu. Decidiu partir e escolheu o clube: o Barcelona. O desenvolvimento físico, mental, tático e técnico, fruto da sua inserção na filosofia culé, revelar-se-á crucial para que se torne num jogador ainda mais forte, numa temporada que culmina com um Mundial disputado no Brasil e onde se assume como principal figura da canarinha. É que convém não olvidar que, antes de rumar à cidade condal, carregou a sua seleção às costas no triunfo da Taça das Confederações, como também conduziu, há dois anos, o Santos à conquista da Libertadores, assumindo, apesar dos seus 19 anos, o jogo nos momentos mais delicados. Contudo, é essencial que Neymar não perca o seu âmago: o sorriso com que encara o jogo e os adversários, que fez dele o jogador de desenhos animados que deleitava a torcida, ao ser capaz de afrontar o futebol consola, criando a cada jogo mais uma finta inexecutável ou assinando um golo assombroso.»

E para o Santos, foi a operação certa na altura certa? «Independentemente da materialização de um grande negócio, o ideal teria sido que continuasse mais um ano. Para além de perder a sua referência, que poderia conduzir o clube a um título brasileiro que foge desde 2004, o orgulho santista gostaria de voltar a ter um jogador do Peixe como figura maior do Brasil numa Copa do Mundo. Uma vitória canarinha, num Mundial disputado em casa, poderia tornar a transferência de Neymar na maior de sempre do futebol mundial.»