O psicólogo de um clube não deve apoiar só o atleta, mas também toda a família, explicou José Maria Buceta, clínico do Real Madrid. No clube madrileno existe um programa que ajuda a que os pais não se esqueçam do seu papel, já que isso pode significar mais pressão sobre o jogador.
«Havia um treinador que dizia que só queria jogadores órfãos! Isto, claro corresponde ao passado, agora o que se quer é que tenham pais presentes. Há que integrá-los no processo. No Real Madrid temos um programa que se chama Os pais também jogam, isto porque queremos que joguem, mas na sua posição, ou seja, a de pai e não a de treinador. É importante que saibam apoiar a pessoa, não só em relação ao futebol. Acaba por ser um problema de toda a família, porque os outros membros ficam envolvidos nessa realidade. Os atletas têm de levar uma vida familiar normal e falar de outras coisas que não sejam relacionadas com o futebol. Isso ajuda-os no futebol. Ninguém ensina alguém a ser pai nem pai de um grande jogador de futebol. Todos os clubes deviam ter apoio para os pais.»
Buceta defende que os atletas não devem abandonar os estudos, porque uma formação académica pode ajudá-los a ter uma vida mais saudável: «Muitos dos jogadores deixam de estudar e isso é um erro. Deviam continuar a estudar como muitos dos atletas de outras modalidades. Os atletas têm de perceber que a sua vida não pode estar limitada. Devem ter uma vida social interessante e desligar-se do futebol através de outros interesses. Esta é uma forma de manter o equilíbrio. Atletas mais fortes mentalmente estarão também mais preparados para conseguir superar as dificuldades, mesmo os que não chegam ao topo. Porque isto serve para suportar o impacto do insucesso.»