Luís Filipe Vieira anunciou esta sexta-feira o tempo de vacas magras no Benfica. O discurso não surpreendeu o treinador do Benfica Jorge Jesus, que o sublinhou na conferência de imprensa deste sábado.

«Para nós não é novidade. Tem caracterizado o Benfica nos últimos tempos, tal como foi este ano com a venda de alguns jogadores. Cada vez mais temos de formar jogadores para os potenciar e tirar daí receitas no futuro, algo que o Benfica tem feito principalmente desde que cheguei. É essa a estrada», considerou.

Jesus ainda marcado por Glasgow: «Aquilo é que é ser fã»

Jesus não está desmotivado com o aumentar das dificuldades na construção de uma equipa competitiva: «É o meu trabalho, tenho de aceitar as regras do jogo e os sinais dos tempos, e cada vez mais ter mais capacidade para esses desafios. Temos de justificar o valor de todos os jogadores que temos. Em Glasgow jogaram alguns jogadores que não se esperaria e deram sinal evidente de qualidade. Temos de corresponder cada vez mais a esses desafios, as dificuldades do país também estão no futebol. Sabemos que somos uns grandes candidatos à vitória final no campeonato. O futebol português não tem os milhões que as grandes equipas da Europa têm. Para eles é mais fácil quando se perde um jogador porque compram outra. O que é desafiante e motivante e que mostra a diferença é aquilo que os treinadores portugueses fazem. Uma equipa da II divisão inglesa tem orçamento maior que Benfica e FC Porto. Muitas vezes nós conseguimos equilibrar e algumas ser melhores que eles. E porquê? Há muita qualidade, na prospeção e na formação, e ainda se consegue o equilíbrio. Ainda. Não sei por quanto tempo.»

Mas com a necessidade de vender quem terá ficado pior, Benfica ou FC Porto? Ou melhor, quem era mais importante para as respetivas equipas, Witsel ou Hulk? «Para mim perde o futebol português, eram dois grandes jogadores e determinantes em ambas as equipas, o resto não consigo caraterizar se uma perde mais que a outra. Mas sei que perde o futebol português.»

A notícia de que o jovem moçambicano Clésio tinha assinado por seis épocas também surgiu na sala de imprensa, em jeito de pergunta, para que Jesus explicasse de quem se trata. «Nós temos responsáveis no scouting e por cada escalão de formação, depois estou cá eu para os formar», concluiu.