Ainda a época não terminou – se nem se sabe quem será o vencedor da Liga, embora não restem grandes dúvidas de que o Benfica se encontra em posição privilegiada, muito menos quem levará para casa as Taças da Liga e de Portugal – e a atenção de todos nós, que gostamos de futebol já se centra em grande parte no denominado mercado de transferências, aberto no nosso país com a mudança de Renato Sanches para o Bayern Munique, surpreendente apenas pelo nome do clube que o levou.

Desde há muito que estava escrito nas nuvens que o último grande produto da formação encarnada dificilmente continuaria a jogar em Portugal na próxima época, apesar de tão pouco tempo de afirmação no futebol profissional da Luz. Adivinhava-se, porém, o seu adeus por aquilo que que já se percebeu que vale enquanto futebolista (e num outro enquadramento organizacional e competitivo tem tudo para crescer imenso), pela aposta continuada de Rui Vitória e porque, na verdade, o Benfica é uma montra.

E com a saída de Renato Sanches, imberbe nos seus 18 anos mas muito homem no modo de jogar, começou, no meu entender, mais uma debandada, como é normal após a conclusão do nosso calendário, haja ou não competição de seleções. Uma realidade que, à partida, tem tudo para tornar a próxima Liga menos apelativa, tendo em conta os nomes que estão desde há muito no mesmo patamar em que se encontrava o menino benfiquista.

Centrando-se o olhar na casa encarnada, e sabendo-se que a gestão orientada por Luís Filipe Vieira aponta para um encaixe entre 140 e 150 milhões de euros e com chineses por perto, nenhuma admiração se acompanharem Renato no adeus Jonas, Talisca (dois grandes amigos), Gonçalo Guedes e quase de certeza Carrillo, uma das grandes jogadas levadas a cabo pelos encarnados. Isto sem falar em Tarabt ou Carcela, que assim teria uma passagem efémera pela Luz.

Já na casa do eterno rival, sempre muito atenta a tudo o que diz respeito a Jorge Jesus (mantenho a convicção de que o treinador vai avançar para o ano dois da sua ligação ao leão) tendo em conta os problemas financeiros que tem para resolver e havendo a garantia de um investimento da ordem dos 50 milhões de euros no futebol leonino, a solução é vender.

Quanto a isso nenhuma dúvida: Slimani (não vai ser fácil suprir a sua saída, mas não há nada a fazer) vai ser negociado pela cláusula de rescisão (30 milhões) pois são muitos os pretendentes e pelo que se vai ouvindo, a grande pérola sportinguista, e da Liga, dos tempos recentes, João Mário, também estará na porta de saída. E se se confirmarem os 60 milhões prometidos a partir de Manchester, que fazer? Bom, e há sempre a possibilidade de William Carvalho também partir, mas saindo aqueles dois acredito que Bruno Carvalho consiga adiar a sua partida por mais uma época.

Em pior situação, sem menosprezo algum mas tendo apenas por base a época de solavancos protagonizada, mesmo assim o FC Porto também gente com muito mercado. Desde logo Brahimi, mas também Herrera, Rúben Neves e, porque não, o quase certo olímpico Sérgio Oliveira. Já ouvi por aí dizer que Pinto da Costa está disposto a investir 200 milhões de euros na nova temporada. Para que essa ideia se confirme terá mesmo de vender e comprar muito bem. Melhor do que nesta época.

Portanto, parece-me inevitável nova debandada. É assim, grosso modo, todos os anos, mas desta feita, tendo em conta a qualidade de todos os nomes aqui referenciados, não restam grandes dúvidas de que globalmente teremos uma Liga menos competitiva. A não ser, como se prova, que as formações dos três grandes, particularmente destes, não parem de trabalhar. Mas também a dos outros clubes. É só olhar para a fase final do Nacional de sub-19 e ver o nome dos clubes que estão nos primeiros lugares.

PS1 – Lisboa acolhe este domingo o novo campeão nacional e como gostava enquanto cidadão, seja lá quem for o sortudo, que os festejos pudessem ser exemplares. Com muita mágoa o escrevo, olhando para o que aconteceu no ano passado e pelas coisas que me vão contando: ou a PSP monta um cenário bélico e tem mão firme ou então palpita-me que vamos ter motivos suficientes para nos envergonharmos. Só espero estar enganado e que o civismo prevaleça. Rivalidade com respeito é o que devia dominar.

PS2 – Lisboa também acolhe este fim-de-semana, concretamente num dos pavilhões da Luz, a final four da Liga Europeia de hóquei em patins. Portugal está representado por Benfica e Oliveirense, mas tendo em conta que um dos outros finalistas é o Barcelona (restam os italianos do Forte dei Marmi) a tarefa lusa é bem espinhosa. Só que pelos encarnados joga aquele que para mim é o melhor do Mundo: Nicolia. Logo, porque não esperar um resultado contrário ao previsto?