André Villas-Boas foi uma das figuras de proa a marcar presença na gala do centenário da Associação de Futebol do Porto. A realizar uma época de sonho ao serviço do Tottenham, na hora das honrarias não esqueceu os dois emblemas portuenses que representou enquanto jogador: o Ramaldense Futebol Clube e o Clube de Futebol Marechal Gomes da Costa.

Conduzido pelas palavras do ex-treinador do F.C. Porto, o Maisfutebol foi em busca dos dois emblemas e da sua atual realidade, numa jornada em que até se defrontaram, em desafio a contar para a 27ª jornada da II Divisão da AF do Porto.

Joaquim Novais Dias, presidente do Ramaldense, congratula-se pela menção feita ao clube na gala da AFP. No entanto, a análise que faz à atualidade do clube denota algumas cautelas.

«Temos cerca de 300 sócios. Existe um cobrador da casa e ele faz uns giros pela vizinhança. A coisa vai resultando em termos de cobranças», declara o presidente, acrescentando que o resto das receitas advém dos proveitos conseguidos com «o bar, que rende bem», e o apoio da junta de freguesia.

Foi a junta, aliás, que tornou possível a utilização das instalações do INATEL, depois do Ramaldense se ter visto privado do seu campo. O responsável máximo do clube de Ramalde sente-se agastado e impotente face ao abandono que diz sentir por parte da câmara municipal.

«A câmara complica-nos a vida. Tivemos de acabar com o hóquei em campo, por exemplo, e neste momento o afastamento da autarquia é total. Estou saturado. Não há perspetivas em concreto», desabafa Joaquim Dias.

As eleições autárquicas que se avizinham e a hipotética renovação das políticas desportivas no concelho do Porto podem melhorar o panorama. Garantias, para já, não existem. Joaquim Dias espera uma mudança, apesar de não conhecer «os programas dos candidatos».

De qualquer forma, lá vai defendendo que «pior do que o que tem acontecido é difícil».

«O cenário é incerto. A campanha ainda não começou e ainda ninguém nos visitou», adianta o presidente, sublinhando que «a maioria dos clubes do Porto está na miséria».

«Rui Rio não nos deu qualquer hipótese»

A situação do Marechal Gomes da Costa não é, de todo, melhor do que a do Ramaldense.

O seu presidente, Pedro Ramos, confessa que são os «cerca de 120 sócios existentes» que ajudam o clube a manter-se no ativo.

Lamentando a extinção do campeonato amador, explica que o MGC foi «empurrado para os distritais», vendo-se obrigado a participar numa prova para a qual não estava preparado e a abandonar um escalão em que competia desde 1972.

O presidente do MGC faz questão de sublinhar que «são os próprios jogadores a pagar as inscrições e a ajudar noutras despesas necessárias», sendo preciso alguns esforços de tesouraria para se conseguir levar uma temporada até ao fim.

«Não temos apoios nem patrocínios. O policiamento leva-nos o dinheiro quase todo e uma época chega a custar-nos cerca de 14 mil euros», desabafa.

Virando a agulha para as eleições autárquicas de outubro, o presidente do MGC considera «natural» que se verifiquem mudanças, dependendo do candidato que for eleito, «como é óbvio».

Quanto ao presidente de câmara cessante, Pedro Ramos é perentório: «O Rui Rio não nos deu hipótese! Tendo em conta o trabalho efetuado em Gaia pelo Luís Filipe Menezes, pode ser que ele faça alguma coisa aqui», finaliza o líder do MGC.

DADOS DOS CLUBES

RAMALDENSE FUTEBOL CLUBE

. Fundação: 5 de abril de 1922 (91 anos)

. Títulos: seis vezes campeão da AF Porto (1928/29, 1938/39, 1939/40, 1941/42, 1943/44 e 1987/88)

. Presidente: Joaquim Novais Dias

. 300 sócios

. Atual 15º classificado na Série 1 da II Divisão Distrital da AF Porto

CLUBE MARECHAL GOMES DA COSTA

. Fundação: 1 de agosto de 1965 (48 anos)

. Títulos: vice-campeão dos Amadores da AF Porto em 2011/2012

. Presidente: Pedro Ramos

. 120 sócios

. Atual 11º classificado na Série 1 da II Divisão Distrital da AF Porto.