Leonardo Jardim foi o primeiro a reconhecer: «Não concordo que o Sporting tenha pressionado alto. Tentou estar próximo da primeira fase de construção, mas sem uma pressão efetiva. Não tivemos muitas recuperações de bola nessa zona, e isso limitou-nos. Fizemos uns péssimos primeiros trinta minutos. Houve falta de circulação e também de atitude coletiva.»

O comentário do treinador do Sporting é comprovado empiricamente pelos dados recolhidos pelo
Centro de Estudos de Futebol da Universidade Lusófona para o Maisfutebol.

Os leões perderam muitas bolas na primeira etapa de construção, nomeadamente durante a primeira parte do jogo, ainda que no segundo tempo também se tenha registado essa tendência. O Benfica, por seu lado, raramente perdeu bolas na primeira etapa de construção e concentrou muitos dos seus esforços na finalização.

As duas grandes diferenças no jogo das duas equipas assentam precisamente no número de bolas perdidas e nas situações de perigo junto às balizas. A equipa de Jorge Jesus sai por cima em todos os aspetos e na segunda parte até conseguiu não perder qualquer bola na primeira etapa de construção, baseando o seu futebol num sentido mais prático.

Olhando para os gráficos é impressionante a diferença de número de remates. Enquanto o Benfica tem várias ocasiões, inclusivamente obrigando Rui Patrício a fazer defesas importantes, o Sporting praticamente não existiu neste capítulo e o maior perigo acabou por surgir dos pés do reforço Heldon.

Na primeira parte os encarnados remataram dez vezes e marcaram um golo, enquanto os leões conseguiram apenas um e com boa vontade de quem recolheu os dados, reconhecendo a «rosca» de Heldon que saiu ao lado. A constância do Benfica prolongou-se no segundo tempo, com oito remates e outro golo, enquanto o Sporting fez um esforço maior para criar perigo, rematando por cinco vezes, quase sempre sem acertar na baliza.

Num jogo praticamente de sentido único não houve grandes hipóteses para a diferença através das bolas paradas. Mas também aqui a equipa de Jesus foi superior, com 15 situações contra apenas seis dos leões, sendo que só os encarnados conseguiram rematar e não houve qualquer registo de contragolpe.

No fundo, tem mesmo de se dar razão ao treinador do Benfica, que no final do jogo tinha razões para estar satisfeito com o resultado e a exibição: «A equipa está a transpirar confiança. A primeira parte foi irrepreensível. Podíamos ter marcado dois ou três golos. Na segunda parte não fomos tão agressivos defensivamente, porque também é difícil pressionar em todo o campo durante noventa minutos. É preciso muita qualidade tática para fazer isso. A dada altura já não dava e entrámos noutras ideias de jogo, mas fomos sempre a equipa dominadora. Os jogadores do Sporting sabem o que estão a fazer em campo, mas hoje não demos hipóteses».