A proposta de uma «paralisação geral», apresentada pelo plantel do E. Amadora, tem toda a compreensão de Paulo Bento. «Parece-me legítimo que recorram a esse meio», referiu o treinador do Sporting, que actuou no clube da Reboleira entre 1989 e 1991.
O técnico lamenta que a situação tenha chegado a este ponto e aponta o dedo às organizações e dirigentes: «Penso que a situação que o Estrela atravessa, assim como outros clubes, tem a ver com a falta de coragem de cortar o mal pela raiz. As pessoas têm de provar, no início de cada época, que têm condições para cumprir os compromissos assumidos. Como conseguem essas provas e depois, passado um mês, são incapazes de cumpri-los desconheço. De quem é a culpa? De quem o permite, dos dirigentes, evidentemente. Depois quem sofre são os jogadores, e respectivas famílias, e os treinadores. Isso não se pensa no início da temporada. Arranja-se sempre forma de inscrever o clube e depois surgem os problemas.»
Paulo Bento lamenta ainda que estas situações depois arranjem «problemas às outras equipas também». O treinador aponta que «tudo o que haja a resolver deve ser resolvido antes da temporada começar, porque depois tudo se tornará mais complicado».
E. Amadora, um exemplo «para quem tem tudo em dia e ainda acha pouco»
Atendendo a todos os obstáculos que o plantel do E. Amadora enfrenta, Paulo Bento não deixou de elogiar a atitude dos jogadores. O treinador disse que muitos outros atletas deviam olhar para este caso como um bom exemplo de profissionalismo: «Os jogadores dignificam os seus profissionais, o clube e o futebol. Demonstram ser gente de carácter e capaz de lutar contra a adversidade. Isso, muitas vezes, é um exemplo para quem tem tudo em dia, e todas as condições, e que, às vezes, ainda acha pouco.»