P.S. (Para Seguir) é um espaço assinado pelo jornalista Nuno Travassos, que pretende destacar jogadores até aos 21 anos. 

«Para mim, o melhor jogador do mundo é o Ronaldo; o melhor jogador de futebol de praia é português, o Madjer; o melhor jogador de futsal é português, o Ricardinho. Só falta encontrar a melhor jogadora do mundo.»

Jorge Jesus (Fox Sports Brasil)

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Tendo em conta o histórico recente de distinções individuais, talvez seja uma questão de tempo até termos a melhor jogadora do mundo, mas a evolução do futebol feminino português, ainda que evidente, precisa de tempo.

É irrealista perspetivar tal coroação nos próximos anos, mas isso não impede que se olhe com atenção para algumas jogadoras com potencial para atingir patamares elevados. Já aqui destacámos Alícia Correia, e agora o destaque vai para Francisca Nazareth, de 17 anos, a mais habilidosa desta nova geração.

Lisboeta, Kika começou a jogar futsal n’Os Torpedos, durante cinco anos, mas em 2016 mudou-se para o futebol de onze. Passou por Futebol Benfica e Casa Pia, até que, em 2018, integrou o projeto do Benfica.

A estreia na equipa principal surgiu em abril de 2019, quando tinha ainda 16 anos, e logo com um golo, ao Amora. Já esta época fez um «hat trick» na vitória por 14-0 sobre o A-dos-Francos, e soma, nesta altura, quatro golos em seis jogos pela equipa principal.

A evolução tem sido tranquila mas firme, tanto no clube como na Seleção. Menos de um ano depois de ter feito parte da equipa que conseguiu uma presença histórica no Europeu de sub-17, Kika fez o primeiro jogo pela seleção principal. Foi no passado dia 4 (de março), frente à Itália, em jogo da Algarve Cup, ambiente propício para estas oportunidades.

Capaz de jogar em qualquer posição do ataque, Kika precisa de liberdade para colocar em campo a sua criatividade. Procura a posse de bola ativamente, não se inibe de assumir protagonismo na construção de jogo, e assume influência no último terço, tanto a assistir como a finalizar.

No espaço de um mês marcou dois golos vistosos pela seleção de sub-19, ambos com recurso a roletas, frente a Turquia e Albânia.

Dois golos que mostram a qualidade técnica de Kika, bem patente também no golo recentemente apontado ao Sp. Braga no campeonato de sub-19.

Apontamentos que mostram uma relação com a bola que não é muito habitual no panorama luso, ainda para mais quando se trata de uma jogadora de apenas 17 anos.

No fundo, Kika é uma representante de uma geração mais preparada. Com bases mais sólidas, com recursos mais aprimorados. Uma geração com outro potencial, portanto, que promete dar protagonismo ao futebol feminino português.