Desde pequenino que Pablo Olivera não pensava noutro futuro que não fosse ser jogador de futebol. «Aos seis anos, jogava no Charrua, e só queria passar o tempo todo a jogar futebol. Até dormia com as chuteiras calçadas com o entusiasmo», contou ao Maisfutebol o avançado do Moreirense.

Só que nessa altura o uruguaio não sonhava em marcar golos, queria sim era não os sofrer. Começou no futebol como guarda-redes, mas em casa o pai não se cansava de repetir: «Tens de jogar como avançado». E assim foi, aos oito anos, Pablo Olivera arrumou as luvas e começou a ver a baliza como um alvo. Mas há uma coisa que não esquece: «O sentimento de impotência de um guarda-redes quando sofre um golo».

Agora com 24 anos, o jovem que nasceu em Melo, Uruguai, filho de uma doméstica e de um funcionário da construção civil, sabe que causou esse sentimento de impotência a muitos guarda-redes, o último foi Rui Patrício, que neste domingo sofreu dois golos marcados pelo uruguaio.

Do Charrua até ao Moreirense

Mas um longo caminho separa esses tempos do Charrua do jogo frente ao Sporting. O sonho de Pablo Oliveira começou por afastá-lo da escola, no quarto ano do liceu, para continuar no futebol. Ingressou no Melo Wanderers, um clube onde estava rodeado de amigos, e onde viveu um episódio caricato. Durante uma final, partiu a mão e teve que ser de imediato levado ao hospital. Quando um companheiro o foi visitar, Pablo zangou-se com ele por ter falhado um penalty e a sua equipa ter perdido o jogo.

Com 15 anos, ingressou no Cerro Largo, de onde saiu para a capital, Montevideu, para o Rampla Juniors. Voltou depois para o Cerro Largo e os golos que marcou despertaram a cobiça do River Plate de Montevideu, para onde foi de seguida. No primeiro ano jogou muito pouco e acabou por ser emprestado ao Cerro Largo. Regressou depois ao River Plate, onde conquistou um lugar e, em 29 jogos, acabou por marcar 12 golos.

A ambição de jogar em Portugal

Numa entrevista a um jornal uruguaio, em Janeiro deste ano, disse que sonhava jogar em Portugal. E em Agosto, o sonho cumpriu-se. Pablo Oliveira integrou o plantel do Moreirense. «Quando cheguei estava muito feliz, muito entusiasmado. Mas com o passar dos dias comecei a sentir falta do meu país, dos meus costumes, mas fui-me habituando, também por causa da ajuda dos companheiros».

Para já, o jogador veio sozinho, deixando a família no Uruguai. «A minha mulher esteve 20 dias e depois teve de voltar. Vamos ver como correm as coisas, se eu tiver um futuro em Portugal, poderei trazer a família», afirmou. E com a família longe e num país diferente, Pablo Oliveira dedica-se mais ao seu passatempo: A Playstation. «Jogo todos os dias», contou.

E como será o futuro? «Trabalhar para ganhar um lugar na equipa e continuar as fazer as coisas bem porque o resto acontece sozinho».