Paulo Sousa mantém o apoio ao seleccionador Carlos Queirós, gosta de João Moutinho como opção para médio-defensivo e recorda a saída da Federação, em entrevista ao Maisfutebol.
Em Março dizia que Carlos Queirós era a pessoa certa para a selecção. Mantém essa opinião?
Sem dúvida nenhuma. Só que precisamos de ter vontade e dar tempo. Qualidade mostrou nestes anos. Os resultados tomam conta do tempo, mas parece-me que a decisão do presidente da federação na contratação do professor é dar esse tempo para reformular todo o futebol português, nomeadamente os escalões de formação, para potenciar o futuro. Assim, garantimos a regularidade nas presenças em fases finais de Europeus e Mundiais, que é o que nos dá dinheiro, para podermos investir nessa mesma formação.
Ou seja, mesmo que a selecção não vá ao Mundial-2010, mantinha Carlos Queirós.
Sem dúvida. O projecto não é está limitado aos resultados da selecção principal. Tanto o professor como Scolari estavam em processo de renovação, com dificuldade em encontrar líderes. Tudo isso demora o seu tempo. Porquê? Porque não foi salvaguardado antes.
A falta de liderança é o maior problema?
Penso que ela está identificada. É uma liderança diferente. O Cristiano Ronaldo é uma bandeira nossa, que tem uma liderança diferente do Luís Figo, do Vitor Baía, do Fernando Couto, do João Pinto e por aí fora. Mas, é evidente, precisamos de a maturar.
Uma das alterações que Carlos Queiroz fez, nos últimos jogo, foi colocar Pepe a trinco. O Paulo Sousa foi médio-defensivo. Acha que é uma boa opção?
Foi uma opção que Queiroz identificou. Todos nós temos o nosso modo de pensar e ideia de jogo. Temos decisões diferentes. Analisando esse detalhe, penso que tem a ver, inicialmente, com o primeiro jogo na Suécia. O corredor central dos suecos era muito forte no jogo aéreo. Quis potenciar jogador com explosão, capacidade de intervenção defensiva nesse jogo aéreo e, a partir daí, viu-o um pouco como solução para certos e determinados jogos.
Ainda assim, a aposta em Pepe manteve-se. Isso significa que estamos com falta de trincos?
Depende da perspectiva de cada treinador. A mim parece-me que temos jogadores com capacidade para desenvolver essa função muito bem.
Tais como?
Como o João Moutinho. É um jogador que tem essas qualidades. Não tem outras e daí as decisões serem diferentes.
Fez parte da Geração de Ouro e, agora, fala-se em mais um jogador naturalizado, no caso o Liedson. Concorda com entrada dele?
Concordo quando há jogadores que estão há um determinado tempo em Portugal, identificados com o nosso futebol, jogadores, princípios e cultura. Se puderem acrescentar alguma coisa à nossa equipa, aos nossos jogadores, e permitir estar em fases finais, porque nos traz retorno.
Há cerca de dois anos, o Paulo Sousa estava na federação e Portugal estava no mundial-sub20. Depois, estalou uma polémica consigo, por alegadamente ter exigido ser seleccionador da categoria e também dos sub-21, substituindo José Couceiro. Foi isso que levou à sua saída da selecção?
Já rectifiquei isso e já o escrevi. O próprio presidente da Federação já o fez também, embora eu entenda que ele devia ter tomado uma posição mais explícita. Devia ter-se exposto mais. Não tomo decisões por ninguém.
Sentiu-se desapoiado?
Não é essa a questão. Foi uma decisão que coube ao presidente da federação e eu segui o meu caminho, indo à procura de novos desafios.
Mantém boa relação com os responsáveis da federação?
Mantenho uma relação boa com toda gente. Há uma coisa que o meu pai me ensinou sempre e que procuro reforçar, que é respeitar quem está a minha frente para exigir respeito. Isso não abdico. São os meus princípios.