Pareciam outros tempos.

Às 17 horas, na Luz, o Benfica recebeu e venceu perante 50 mil adeptos o Estoril que ocupa o quarto lugar. Uma entrada forte em jogo, com eficácia, e os golos a surgirem. Em 20 minutos tudo se resolveu e se a confiança existia, saiu reforçada. À mesma hora, o Vitória de Setúbal, que melhorou muito sob o comando de Couceiro, recebeu o Sporting, numa tarde soalheira e com muito público.
O futebol fica logo diferente, para todos, quando temos gente na bancada.

Um pouco mais de duas horas depois, o Porto estreava Luís Castro no comando técnico. Menos público mas não menos entusiasmo nas bancadas.

A estreia de Luís Castro parecia ser tranquila, olhando para o resultado aos 20 minutos. Mas o jogo dura muito e o golo do Arouca, ainda na primeira parte, deixou tudo em aberto. O golo surgiu por acaso, provocou ansiedade no Porto e fez o Arouca acreditar que era possível algo mais.

O jogo foi passando, Quaresma falhou uma grande penalidade e o resultado foi-se mantendo. O empate esteve perto e os assobios surgiram. O FC Porto foi superior. Se tivesse materializado as oportunidades... A resistência do Arouca terminou aos 83 minutos. Tudo ficou resolvido com mais um excelente golo de Quaresma. A tranquilidade voltou ao Dragão.

Luís Castro chegou para trabalhar, como referiu, para responder da melhor forma à exigência que é estar no Porto. Começa bem, apesar de a equipa ter revelado alguma intranquilidade, sinal dos tempos que vivem.

O desafio é enorme e os jogos não param. Para Luís Castro, e bem, o foco tem de estar no jogo seguinte. É para isso que trabalha.

Em Setúbal tivemos jogo até ao fim e muitos erros à mistura. A arbitragem acaba mais uma vez por ser o que mais salta à vista e o que provoca a discussão mas centro-me nos jogadores e no seu rendimento.

Os do Sporting já conhecemos e são os mais falados por isso destaco três elementos do Vitória. Dois deles vindos dos escalões de formação. O jovem central Frederico Venâncio, com dois anos de Liga principal, tem apenas 17 jogos mas este ano já fez dez, nove deles a titular. Nos últimos oito jogos tem cumprido os 90 minutos e está a agarrar o lugar, com a vontade própria de quem quer vencer nesta profissão.

O outro jogador é Ricardo Horta. Tem muita qualidade. Estreou-se na época passada, ainda júnior. Jogou seis vezes como suplente utilizado. Este ano tem 20 jogos e 17 como titular. Está a afirmar-se e a regularidade com que joga ajuda-o a crescer. No jogo, o que revelou? Bom tecnicamente, rápido e com a coragem necessária para ir para cima do adversários. Revelou personalidade ao procurar a bola, sem medo de errar. Desequilibrou e mesmo sem bola soube pressionar e ocupar bem os espaços.

São apenas 19 anos, mas muito potencial ali para os lados do Sado.

Por último, alguém que chegou em Janeiro da equipa B do Sporting: João Mário. Escrevi há duas semanas que para o ano estaria a lutar pela titularidade em Alvalade. O que jogou ontem faz com que reforce a ideia. Até chegar a Setúbal, de julho até Janeiro, tinha feito 953 minutos na equipa B do Sporting. Couceiro foi buscá-lo e apostou, sabendo que seria importante. Em Setúbal desde 19 Janeiro, altura do primeiro jogo em que entrou no Dragão, leva já 602 minutos em apenas mês e meio. A jogar a este nível e com a qualidade que tem, cresce rapidamente. O que fez no jogo com o Sporting revelou isso mesmo.

A reacção à perda da bola e a capacidade para pressionar o adversário têm vindo a melhorar e a ser evidentes. Isso vai fazer a diferença na afirmação como jogador. O resto está lá. Tem personalidade e assume o jogo. Qualidade técnica e capacidade para ter a bola, gerir o jogo e soltar no momento que é preciso.

Voltando à Liga, olho para o fundo da tabela e vejo a luta que existe. ´

O Gil Vicente ficou um pouco mais tranquilo depois de vencer em casa de um dos últimos classificados. O que fazem seis pontos conquistados. Mas o discurso de João de Deus foi sempre correcto. Nem se colocou em bicos de pés quando esteve em quarto lugar nem deixou de acreditar no seu trabalho e na equipa, quando veio por aí abaixo na tabela e com apenas dois pontos conquistados.

O Paços de Ferreira tinha uma oportunidade de dar um salto na tabela e trazer o Gil Vicente para a luta. Falhou e esta derrota parece ter retirado alguma esperança, embora ainda faltem muitos jogos.

Olhanense e Belenenses são as outras equipas a fazer companhia ao Paços. No jogo entre ambas, anularam-se e cada uma ficou com um ponto. Curto. Era preciso mais na luta desesperada em que se encontram. A importância de se distanciar de adversário direto assume relevância mas nenhuma delas conseguiu superiorizar-se e a luta continua.