O organismo autónomo da Liga de Clubes entrou em funções em 1995/96. Nessa temporada, as vitórias num jogo de campeonato começaram a valer três pontos. Se o F.C. Porto de Jesualdo Ferreira tem agora sete pontos de avanço sobre o segundo classificado, em Janeiro de 1997 o F.C. Porto de António Oliveira já levava 13 - é claro que com mais dois jogos realizados porque a prova este ano tem pela primeira vez 16 equipas contra as 18 anteriores. E o perseguidor mais próximo era precisamente o Sporting. A maior distância a meio de um campeonato desde que o novo sistema entrou em vigor. Essa Liga terminou como chegara a meio. Os dragões conquistavam o «tri», com os mesmos 13 pontos de «almofada».
Nas Antas, já em Janeiro morava um goleador imparável, Mário Jardel, e a equipa conseguira resistir à polémica fora dos relvados. Pinto da Costa tinha sido chamado à Polícia Judiciária para esclarecer o seu alegado envolvimento no «caso Calheiros», o tal das viagens ao Brasil, e ficara como arguido.
O ano começava ainda com o anúncio de milhões frescos daí a algum tempo com os contratos televisivos para o novo século, mas a imagem portuguesa no estrangeiro continuava a ser má. Numa entrevista a um jornal português, o presidente da UEFA Lennart Johansson dizia não perceber muito bem o que se passa em Portugal, nem saber bem quem mandava, tal a confusão instalada. Entretanto, Governo e clubes juntam-se para tentar resolver uma parte dos problemas, os financeiros, e aderem ao Plano Mateus. Fica o aviso: quem não pagar as dívidas ao fisco e à segurança social nas 150 prestações mensais estipuladas desce de divisão.
No campos, os principais rivais dos portistas continuam a somar erros de casting. Nesse Janeiro de 1997, Paulo Autuori despede-se da Luz e leva na bagagem a célebre «táctica do pirilau», Mário Wilson, o velho «bombeiro», assume as funções de treinador enquanto o director-desportivo Toni negoceia com o novo homem do leme: Manuel José. Mas três derrotas consecutivas - algo que não acontecia desde 1957/58 -, a última na derradeira ronda da primeira volta, afastam o clube da Luz do título. O boato de que João Pinto está prestes a embarcar numa nova aventura no estrangeiro também faz precipitar Manuel Damásio. O «menino de ouro» assina contrato «para sempre», ou seja, até final da carreira, com os encarnados. Mais tarde, na presidência de Vale e Azevedo, o rumo seria bem diferente.
Em Alvalade, apesar do segundo lugar final, treze pontos de atraso deixam a imagem de uma época atribulada. O belga Robert Waseige e Octávio Machado não conseguem contrariar o maior poderio do norte. Nomes com Pedro Martins, Ouattara, Missé Missé, Balajic, Luís Miguel, Pedrosa ou mesmo o guarda-redes internacional De Wilde provaram estar um pouco aquém das expectativas e os leões confirmaram sob a relva estar a alguma distância da qualidade mostrada pelo campeão. Mesmo assim, graças a uma maior consistência mostrada na recta final da temporada, o técnico português seria premiado novamente com o banco na época seguinte.
Nunca mais houve uma equipa com tantos pontos de avanço à viragem do campeonato, mas na prova seguinte os portistas tinha 11 sobre o surpreendente... V. Guimarães. Em 2002/03, voltou a ver-se 11 pontos de vantagem. Do F.C. Porto de Mourinho sobre o Benfica de Camacho.