Muito mudou com a pandemia, menos isto: Erling Haaland e o golo. A relação do norueguês com as balizas adversárias é imune a qualquer vírus e, por isso, não houve surpresa quando Haaland marcou o primeiro golo na retoma da Bundesliga. Esse foi o 10.º golo em nove jogos do ponta de lança pelo Borussia Dortmund, que derrotou o rival Schalke num dérbi histórico e, desta vez, sem a sua essência: os adeptos.

O 4-0 final espelha a supremacia do Borussia e fez de Raphael Guerreiro uma das grandes figuras deste sábado em que a liga alemã voltou. O internacional português apontou dois golos e, juntamente com Julian Brandt, foi um dos melhores em campo.

Um estádio sem alma

O Westfalenstdion, nome original do recinto cujo naming foi vendido a uma seguradora, é um dos estádios com melhor média de assistência na Europa. Vê-lo vazio enquanto o Borussia joga é desolador. Qualquer estádio com jogo e sem público é um estádio sem alma, mas foi assim que se jogou este dérbi em que as equipas entraram separadas, não tiraram fotografias e, no banco, os futebolistas ficaram distantes uns dos outros.

Em campo, porém, esteve mais junta a formação da casa. Após um início equilibrado, o Dortmund superiorizou-se em campo e no marcador. O 1-0 de Haaland surgiu após um bom desenho do Borussia: Brandt descobriu Hazard, este cruzou e o norueguês lançou os festejos. À distância, com o povo em casa e os jogadores afastados.

Brandt estava a ter um grande início de partida e foi ele quem serviu Raphael Guerreiro para o 2-0. Um passe a descobrir o português na área e uma finalização certeira do internacional luso.

O Schalke ameaçou uma vez por Caligiuri, mas foi mera sorte, com um cruzamento da esquerda a chegar aos pés do camisola 18 aos «trambolhões». A formação de Gelsenkirchen precisava de reagir.

David Wagner fez dupla alteração ao intervalo, o Schalke entrou bem melhor no segundo tempo, mas levou um duro golpe. O 3-0 de Hazard, num contra-ataque perfeito do Borussia com Brandt a servir o belga.

Cheirava a goleada pelo marcador, pela incapacidade do Schalke em produzir mais e, sobretudo, porque o Borussia Dortmund estava mais fresco nas pernas e nas ideias. O 4-0 final de Guerreiro foi a sequência lógica de tudo isto, num jogo que teve cinco substituições por parte do Schalke, golos celebrados à distância e um par de aplausos no final: dos jogadores para a grande bancada sul do Westfalenstadion, lugar conhecido como Muro Amarelo.

Faltou-lhe público, faltou-lhe a desilusão dos de Gelsenkirchen e a alegria dos de Dortmund. Estes, porém, ficarão mais contentes, pois venceram, ficam a um ponto do líder Bayern Munique [joga domingo] e viram o Leipzig atrasar-se na corrida.