Um nome bem português saltou à vista quando foi divulgada a convocatória da seleção da África do Sul para os jogos particulares com a Polónia e o Quénia. Ricardo Nunes, defesa formado no Benfica, e internacional sub-17 por Portugal, pode estrear-se pelos «Bafana Bafana».

«Fiquei muito feliz assim que soube do interesse, há cerca de um mês. Fiquei muito satisfeito, até pela conversa que tive com o treinador (ndr. Gordon Igesund), pela abordagem que me foi feita. Depois foi só tratar dos papéis e esperar pela autorização da FIFA», diz o jogador ao Maisfutebol. «Cheguei na terça-feira, diretamente da Eslováquia (ndr. joga no Zilina), e já não fui a tempo de treinar, mas os colegas receberam-me bem», acrescenta a partir do estágio, em Varsóvia.

Ricardo Nunes nasceu em Joanesburgo, a 18 de junho de 1986, mas com apenas oito anos mudou-se para Lisboa. Nunca mais regressou à África do Sul, pelo que esta chamada à seleção renova esse desejo antigo: «Tenho um colega que joga em Inglaterra e que está na mesma situação (ndr. Dean Furman), e temos falado disso. Seria bom lá voltar. Pelo que me disseram a federação está agora a procurar jogadores nascidos lá mas que saíram muitos novos, e que nem sabiam que existiam.»

Formado no Estoril e no Benfica, Ricardo Nunes chegou a ser internacional sub-17 por Portugal. Nessa altura ainda sonhou com uma presença na seleção principal, mas o trajeto sénior foi afastando essa ambição. «A dada altura optei por sair de Portugal (ndr. representou o Lamia, na Grécia, e os cipriotas AEP, Aris Limassol e Olympiakos Nicosia). E sei que precisava de estar noutro campeonato para conseguir isso. Não sou velho, mas também já não sou nenhum miúdo, pelo que não tinha a seleção portuguesa na cabeça. Em relação à África do Sul sabia que tinha qualidade para ser chamado, mas não sabia que estavam a pensar em mim», explica o jogador.

A mudança para o Zilina consumou-se em janeiro, depois de passagens por Trofense e Portimonense. «Na época passada fui campeão e ganhei a taça. Fui considerado o melhor lateral esquerdo da Eslováquia, embora só tenha jogado quatro meses. Infelizmente não conseguimos passar da 2ª ronda de qualificação da Liga dos Campeões, este ano, mas o clube deu-me uma visibilidade diferente, que permitiu esta convocatória», afirma.

A CAN e o estranho que seria defrontar Portugal

A África do Sul vai organizar a Taça das Nações Africanas em 2013, e Ricardo Nunes não esconde que gostaria de marcar presença na prova, mas prefere pensar passo a passo. Para já lida com o entusiasmo da possível estreia. «Agora quero ter esta oportunidade para mostrar o meu valor e justificar a chamada. Tenho o sonho de ir à CAN, mas neste momento penso em integrar-me», explica.

Pensar no Mundial2014 fica para depois, ainda que isso até pudesse proporcionar a oportunidade de defrontar Portugal. Um cenário também possível em jogo particular, como aconteceu em 2009. «Seria engraçado. Vivo em Portugal e tenho lá toda a minha família. É um país que amo, e seria especial. Por ter nascido lá, e pelas recordações que guardo, também tenho um apego grande à África do Sul, pelo que seria estranho», diz Ricardo Nunes, que chegou a ser colega de seleção de João Moutinho e Miguel Veloso, e que é também amigo de Manuel Fernandes, outros dos jogadores habitualmente convocados por Paulo Bento, e que até foi ao casamento do lateral esquerdo.