Sem dramas nem queixumes, para homens de barba rija. A toada do Rio Ave-Belenenses ficou decidida bem antes do pontapé inicial e não por treinadores ou protagonistas. Foi a chuva, que arrasou o relvado do Estádio dos Arcos, a dar a certeza: muita luta, pouco futebol. E assim foi. A vitória vila-condense chegou como quase sempre nestas alturas: de bola parada.

E muito perto do fim desta história.

Antes, e mesmo que as equipas tenham entrado enérgicas, certamente instruídas porque o pouco verde que havia não iria durar para sempre, o encontro foi daqueles que facilmente cairá no esquecimento. Ou então será lembrado pelo que não foi: um jogo de futebol normal.

Passes longos que ficavam curtos. Passes curtos que ficavam ainda mais curtos. Erros, emendas. Iniciativas, travões. Primeira, segunda e volta a parar. Não houve velocidade, não se viu rasgo. Restou a vontade. Que não deu para tudo.

Da primeira parte, fica um lance de Ukra, após brilhante trabalho de Diego Lopes, que fez a bola beijar a trave da baliza de Matt Jones. De longe o momento de maior perigo.

Nuno Espírito Santo montou a sua equipa com dois homens de área: Joeano e Sandro Lima. O Rio Ave teve mais iniciativa, mas ficou a ideia de ser, também, esse o objetivo do Belenenses. Esperar e contra-atacar. Homens como João Pedro e Miguel Rosa seriam a chave para uma estratégia que esbarrou sempre no mesmo ponto: ameaçar o forte.

O Belenenses, sobretudo na primeira parte, teve bons momentos, com rapidez e um aceitável controlo do terreno de jogo. Mas falhou sempre no momento chave. E, por isso, Ederson até teve uma tarde tranquila.

Se o primeiro tempo foi pouco chamativo, o segundo foi, não há outra forma de dizer, mau. Luta, luta, mais luta. A inspiração é que foi zero. Ficou a adivinhar-se que só num lance de bola parada poderia surgir o golo. E acabou mesmo por chegar.

Ukra foi derrubado por Fredy quase em cima da linha da grande área. Luís Gustavo, que entrara pouco antes, acarinhou a bola e pediu-lhe o favor de entrar. O resto foi consigo: remate perfeito, em arco, por cima da barreira. Matt Jones estirou-se, tocou na bola mas não evitou o destino.

Para o Belenenses era tarde de mais para reagir e os três pontos ficaram em Vila do Conde, o que não acontecia desde a 2ª jornada, ainda em agosto. Foi preciso um jogo de futebol que não o foi em todo o seu esplendor para Nuno voltar a ser feliz em casa.