Se para muitos o Benfica é sinal de respeito, para outros é sinónimo de felicidade. O nome do clube encarnado provoca-lhe um sorriso imediato e uma recordação doce sempre que vasculha a memória e revive tardes e noites de glória. Gaúcho, 32 anos, avançado do Rio Ave, já marcou sete golos ao emblema da águia em oito anos de confrontos directos e muitos episódios peculiares. Primeiro no Estrela da Amadora, depois no Marítimo. «O Benfica dá-me sorte», resume ao Maisfutebol em vésperas de mais um duelo a disputar no Estádio da Luz. «Tenho fé em Deus, porque Ele vai ajudar-me de novo». Palavra de Gaúcho.
Dos primeiros jogos as recordações são ténues, mas dos últimos confrontos as lembranças são precisas e muito ricas: «Fiz sempre bons jogos», uma garantia de que espalhou o terror na baliza e deixou o adversário em estado de choque. Por duas vezes marcou dois golos: «Uma vez pelo Estrela da Amadora. Vencemos por 3-0 e bisei. Lembro-me que num dos golos, o Verona fez uma grande jogada. Foi uma altura [época 1999/00] em que o Benfica estava bem, atravessava um bom período e por causa desse resultado ficou mais longe do título».
O outro bis de Gaúcho aconteceu duas épocas depois, quando já defendia as cores do Marítimo e os encarnados terminaram a temporada na quarta posição. «Esse jogo foi fantástico. Vencemos por 3-2, mas começámos a perder com um golo do Mantorras», explica o brasileiro quase sem pestanejar. «Empatei num lance de cabeça, o Mantorras fez o 2-1, empatámos de novo e marquei o golo da vitória de grande penalidade, quase no final do jogo».
Despedimento abortou transferência
No antigo Estádio da Luz, o actual avançado do Rio Ave foi menos eficaz e só marcou um golo, o que se explica pela supremacia do dono da casa em relação ao adversário: «Há três anos, também pelo Marítimo, inaugurei o marcador no início do encontro, tivemos a vitória na mão, mas eles empataram bem no fim. Fizemos um grande jogo e não merecíamos aquele resultado. Lembro-me que o Benfica tinha de vencer a todo o custo e contava com o apoio do público».
As recordações terminam aqui. Para trás ficou a possibilidade de vestir a camisola encarnada, mas o azar impediu-o de cumprir o sonho de jogar num dos três grandes do futebol português: «Quando o Nelo Vingada estava no Benfica e era adjunto contactou-me, mas na semana seguinte foi despedido». A hipótese morria com a saída de Graeme Souness do comando técnico em Maio de 1999. «Foi tudo por água abaixo, mas na época seguinte marquei 21 golos pelo Estrela da Amadora», recorda-se. Agora, reencontra-se com os encarnados, mas pelo Rio Ave: «Sei que este clube nunca venceu na Luz, mas há sempre uma primeira vez...»
Os sete golos de Gaúcho ao Benfica
1996/97: E. Amadora-Benfica, 1-1 (um golo)
1999/00: E. Amadora-Benfica, 3-0 (dois golos)
2000/01: E. Amadora-Benfica, 1-2 (um golo)
2001/02: Benfica-Marítimo, 1-1 (um golo)
2001/02: Marítimo-Benfica, 3-2 (dois golos)
Nota: Na sua nona época no futebol português, Gaúcho soma 90 golos.