Rui Costa esteve de visita à Escola Fernando Namora, na Brandoa, e respondeu mais uma vez às questões dos jovens alunos. Um deles questionou o director desportivo do Benfica sobre algumas «atitudes irracionais» que vê em campo e que disse não compreender. Embora o aluno não tenha feito referência a Pepe, a pergunta terá sido motivada pelo recente episódio com o central do Real Madrid. Rui Costa também não falou do internacional português, mas procurou dar algumas justificações para atitudes menos correctas que ocorrem nos relvados.
«Nem sempre damos bons exemplos em campo. Tem a ver com a pressão. Leva-nos a cometer erros que não lembram ao diabo», começou por dizer Rui Costa.
Na base da pergunta estava ainda o facto de as «atitudes irracionais» serem cometidas por elementos da sociedade que ganham muito dinheiro, mas para o director desportivo a questão não pode ser colocada dessa forma. «Dizer que não se pode errar pelo dinheiro que se ganha, é dizer asneira. O dinheiro não tira os sentimentos», justificou.
Nas respostas aos alunos da Secundária Fernando Namora, Rui Costa acabou por fazer uma retrospectiva da carreira de jogador. Questionado sobre o facto de ter representado apenas quatro clubes enquanto sénior (Fafe, Benfica, Fiorentina e Milan), o dirigente defendeu a estabilidade. «É uma virtude um jogador acabar a carreira e não ter jogado em dez clubes. Deixei a porta aberta nos clubes que representei», disse.
A fidelidade como virtude e o «não» às naturalizações
Rui Costa voltou a revelar que a camisola da Selecção Nacional foi aquela que «mais gozo» lhe deu vestir, embora seja «benfiquista dos pés à cabeça». E foi com o orgulho de ter jogado com as quinas ao peito que defendeu uma equipa 100 por cento nacional. «Fui condenado por ser contra. O Deco é um dos melhores médios do mundo, tenho uma óptima relação com ele. As pessoas pensavam que tinha medo que me roubasse o lugar. Simplesmente sou a favor que a Selecção tenha só jogadores do país, mas é apenas a minha opinião», disse o director desportivo do Benfica.
No resumo de uma carreira rica, Rui Costa escolheu a conquista do Mundial de sub-20 e da Liga dos Campeões como pontos altos. A derrota com a Grécia, na final do Euro 2004, é um dos momentos mais tristes. A par de uma outra final da Liga dos Campeões, perdida para o Liverpool, depois de o Milan estar a vencer 3-0 ao intervalo. «Durante uma semana acordei durante a noite, a pensar que tinha sido um pesadelo», lembrou Rui Costa.