Muito apreciado um pouco por toda a Europa, o futebolista português nunca conseguiu abrir as portas do Bayern de Munique, clube com 111 anos de história. Uma tendência que esteve perto de ser invertida recentemente, mas travada pelo rigor orçamental do emblema alemão.

«Antes de mais devo dizer que tenho muito respeito pelo jogador português. Talvez seja por serem muito caros. Não somos famosos por gastar muito dinheiro. Porto, Benfica e Sporting têm grandes jogadores, tal como a Selecção», começou por dizer Karl-Heinz Rummenigge, antes de confirmar o interesse recente em dois internacionais lusos. «Tínhamos algo com o Nani, mas era caro. O caso do Coentrão foi idêntico. Pediram 30 ou 35 milhões, e isso é demasiado para nós. Não temos accionistas como o Sr. Abramovich e o Sr. Moratti. Não podemos gastar assim tanto», revelou o presidente-executivo do Bayern.

O dirigente alemão falou ainda da Selecção Nacional, questionado se esta se incluía no lote de favoritos à conquista do Euro 2012. «Temos a Espanha, que é campeã mundial, e a própria Alemanha, que tem uma equipa muito boa, jovem e com fome de títulos. Portugal também tem uma equipa muito boa. Vimos a vontade que mostraram agora, e têm boas hipóteses», afirmou o antigo jogador, que acredita que Ronaldo «pode fazer a diferença também na Selecção», à semelhança do que tem acontecido no Real Madrid.

Recado à UEFA e à FIFA, e veto aos fundos

Rummenigge foi um dos oradores do segundo dia do congresso «Football Talks», organizado pela Liga Portugal. Para além de presidente-executivo do Bayern, é também líder da Associação Europeia de Clubes, e na sua intervenção em Cascais reforçou críticas à FIFA e à UEFA. O alemão queixa-se de falta de democracia, na perspectiva dos clubes. Em causa está sobretudo o calendário das selecções e as contrapartidas para os clubes da utilização dos jogadores nas equipas nacionais.

Mais do que em possível greve, Rummenigge fala num cenário hipotético de «revolução», mas mostra esperança no acordo. «Não sou pessimista. Temos um acordo até Junho de 2014. Se não chegarmos a acordo entretanto, teremos de discutir o futuro. Mas todos os clubes estão contentes com a organização das provas europeias, e com a imagem das mesmas. Nos próximos meses saberemos mais», disse o dirigente alemão, questionado sobre a possibilidade de ser criada uma competição continental organizada pelos próprios clubes.

Questionado depois sobre os fundos de jogadores, cada vez mais frequentes no futebol, o líder da Associação Europeia de Clubes assumiu ser contra: «Cada clube deve fazer o seu trabalho, ser independente. A vantagem do Bayern é essa. Contratámos agora o Neuer, que custou algum dinheiro, mas fomos nós que pagámos», recordou.