O Ministério Público (MP) revelou esta segunda-feira que fez buscas nos Açores, na Madeira e noutros pontos do território continental por suspeitas de alegada utilização ilegítima de dinheiro do Santa Clara.

De acordo com a nota publicada na página do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), as buscas foram efetuadas a residências em Ponta Delgada, Vila Nova de Famalicão, Moimenta da Beira, Espinho, Lisboa e ainda na Madeira. Além disso, escritórios de advogados situados em Lisboa e nos Açores e três empresas açorianas foram alvo das buscas.

«Em causa estão factos suscetíveis de constituir a prática de crimes de branqueamento de capitais, participação económica em negócio, peculato e abuso de confiança», referiu o Ministério Público.

A investigação do DCIAP, note-se, conta com o apoio do Departamento de Investigação Criminal dos Açores da Polícia Judiciária (PJ). 

A PJ comunicou que «está a desenvolver a operação “Milhafre” no âmbito de inquérito tutelado pelo DCIAP».

As autoridades referem que estão em causa «fluxos financeiros a crédito e a débito entre as contas da sociedade desportiva com as de várias empresas e destas com contas bancárias sediadas em paraísos fiscais, sem que haja justificação da origem e do destino desses valores».

O Santa Clara, por sua vez, confirmou que «decorrem nesta altura diligências por parte do Ministério Público nas instalações da sociedade anónima» e garante que «esta recolha de documentação está relacionada com atos de gestão de administrações anteriores».

Os açorianos asseguram ainda que colaboraram com as autoridades e ficam a aguardar «pelo normal curso da Justiça».

O comunicado da PJ na íntegra:

«Face a notícias vindas a público, a Polícia Judiciária confirma que, através do Departamento de Investigação Criminal dos Açores, com a estreita colaboração da Unidade Nacional de Combate à Corrupção; da Diretoria do Norte e dos Departamentos de Investigação Criminal da Madeira, de Braga e de Vila Real, bem como da Unidade de Perícia Tecnológica e Informática, está a desenvolver a operação “Milhafre”, no âmbito de inquérito tutelado pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), relativo a uma investigação sobre factos suscetíveis de integrar os crimes de branqueamento de capitais, participação económica em negócio, peculato e abuso de confiança, envolvendo uma sociedade desportiva da Região Autónoma dos Açores, bem como pessoas singulares e coletivas, relacionadas com a atividade da mesma.

Entre outras factualidades, em causa estão fluxos financeiros a crédito e a débito entre as contas da sociedade desportiva com as de várias empresas e destas com contas bancárias sediadas em paraísos fiscais, sem que haja justificação da origem e do destino desses valores.  

Na operação, estão em curso seis buscas no concelho de Ponta Delgada e outras seis em diferentes locais de Portugal continental e na Ilha da Madeira, visando sedes de clube e sociedade desportiva, empresas e escritórios de advogados, para além de residências.»

O comunicado do Santa Clara:

«A Santa Clara Açores – Futebol SAD confirma que decorrem nesta altura diligências por parte do Ministério Público nas instalações da sociedade anónima.

Esta recolha de documentação está relacionada com atos de gestão de administrações anteriores.

Esta SAD colaborou – e assim continuará sempre a fazer – com a investigação das autoridades, aguardando pelo normal curso da Justiça.»

[artigo atualizado às 15h27 com os comunicados da PJ e do Santa Clara]