Alarme: Portugal perdeu um jogo de futebol profissional contra a Albânia.

Medo: a Seleção Nacional não marcou um único golo ao 70º classificado do ranking FIFA.

Observação: a relação entre equipa e adeptos já se arrastava pelas ruas da amargura – culpa de um Mundial a todos os títulos desolador. Esta derrota, insuportável, arrisca-se a oficializar a separação (pelo menos pontual) entre as partes envolvidas.

Teimosia: Paulo Bento não sentiu necessidade de entrar em rotura com o passado recente. A única novidade no onze inicial foi André Gomes, os restantes dez estiveram no Brasil2014. Mesmo João Pereira (sem competir no Valência) e Ricardo Costa (33 anos e a jogar no Qatar) mereceram a titularidade.

Escassez: Bekim Balaj marcou aos 51 minutos para a Albânia. Portugal tinha 40 minutos para chegar, pelo menos, ao empate. Bento olhou para o banco e encontrou só um avançado (Ricardo Horta), pois Ivan Cavaleiro entrara ao intervalo. Bruma estava na bancada.

FICHA DE JOGO E A PARTIDA VIVIDA AO MINUTO


Com estes cinco pontos se disseca uma das noites mais tristes de sempre para o futebol português. Arrancar a qualificação para o Euro2016 a perder na receção à mais frágil seleção do grupo não lembraria ao mais empolgado dos contestatários de Paulo Bento.

A tragédia é ainda mais evidente se nos lembrarmos de outro dado. Portugal, ao contrário do nulo em 2008 contra este mesmo adversário, não teve ocasiões claríssima de golo. Enviou uma bola ao ferro (Horta), teve remates perto da baliza, mas nenhum falhanço escandaloso.

Ter Éder como único ponta-de-lança é, de facto, significativo. O homem de área da equipa fez dois remates em 90 minutos, ambos ao lado. Foi mal servido, não participou no processo de jogo, esteve distante e desinspirado.

OS DESTAQUES: João Moutinho, ainda assim o melhor


Do ponto de vista tático também não houve novidades. O 4x3x3 foi o prato servido até ao golo albanês, sem qualquer rigor do ponto de vista do dinamismo. Portugal foi previsível, lento, hesitante, uma seleção sem alma, sem rumo, sem qualidade.

A perder, Bento abdicou do trinco (William), lançou Horta e jogou num 4x2x4. A vontade aumentou (embalada pela pressa), mas a equipa não saiu de onde estava: um amontoado de ideias incompreensíveis, peças soltas e lapsos de um amadorismo risível.

Vale a pena sublinhar que a Albânia ganhou fora pela terceira vez numa fase de qualificação para um Europeu, sendo que as restantes foram na Moldávia e no Luxemburgo. E que Portugal não entrava a perder desde 1976, no jogo inaugural da corrida para o Mundial78.

Cristiano Ronaldo? Não entra aqui. Muito mal estamos quando sentimos depender de um jogador (mesmo que seja um dos dois melhores do mundo) para não perder contra a temível Albânia.

Renovação? No ponto a que isto (a seleção) chegou, só mesmo uma revolução faz sentido.