A magistrada Maria José Morgado toma posse terça-feira como coordenadora do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, acumulando estas funções com a coordenação dos processos do caso «Apito Dourado», noticia a agência Lusa.

Esta procuradora-geral adjunta, que será empossada pelo procurador-geral da República, Pinto Monteiro, assume a chefia do DIAP num altura em que estão em investigação neste departamento vários casos mediáticos, nomeadamente o processo Bragaparques/Câmara Municipal de Lisboa, o da Universidade Independente e o da alegada corrupção de oficiais da Marinha na compra de equipamento militar.

Maria José Morgado chefiou entre Novembro de 2000 e Agosto de 2002 a Direcção Central de Investigação da Corrupção e da Criminalidade Económica e Financeira (DCICCEF) da Polícia Judiciária, altura em que foram investigados vários crimes de «colarinho branco», alguns deles ligados ao mundo do futebol, como o do caso do ex-presidente do Benfica Vale e Azevedo.

Outra das investigações ligadas ao futebol que passaram por Maria José Morgado quando esta liderou a DCIECCEF foi o caso Vitória de Guimarães/Pimenta Machado.

Exercendo funções de procuradora-geral adjunta no Tribunal da Relação de Lisboa após deixar o DCICCEF, Maria José Morgado nunca deixou de intervir e falar abertamente sobre a alta criminalidade, tendo em Novembro de 2004 alertado que «a corrupção em Portugal está fora de controlo».

Na altura, a magistrada apontou a apatia da sociedade civil, o sigilo fiscal e o segredo bancário como factores que contribuíam para «não haver um verdadeiro combate à corrupção».

A procuradora-geral adjunta é conhecida pelas suas afirmações directas e polémicas, tendo em Junho de 2004 dito à revista «Visão» que «a Justiça portuguesa não está preparada para enfrentar os poderosos».

Em 2003, Maria José Morgado lançou, em conjunto com o jornalista José Vegar, o livro «O Inimigo sem rosto, fraude e corrupção em Portugal».