Missão cumprida: está escrita mais uma página de ouro na história do Sporting Clube de Braga. A vitória garantiu o tão desejado apuramento para os 16-avos-de-final, a concretização de mais um objectivo definido por um clube em crescimento, por uma equipa que merece sonhar alto, não só a nível nacional, mas também internacional.
Não deixou de ser uma noite de grande sofrimento, num jogo com sentido único, alguns percalços, alguns sustos e um singelo momento de superação, estudado ao pormenor e com sucesso absoluto. O esforço foi tremendo, a correria imensa, mas tudo se resumiu ao minuto 61, quando Maciel ganhou um livre na direita, Wender cruzou e João Pinto apareceu solto no coração da área a rematar com estrondo para o fundo das redes. Estava lançada a festa, merecida, que esta gente tanto desejava e que o Grasshopper nunca mereceria, porque foi sempre uma equipa à mercê do Braga.
O ritmo da segunda parte foi absolutamente avassalador e a pedreira de Braga quase vinha abaixo em três alturas cruciais: quando João Pinto abriu o marcador; quando Castanheira ampliou já nos descontos; e quando o árbitro apitou para o final do jogo. A cidade dos Arcebispos promete festejar durante toda a noite e esperar pelo próximo adversário. Com este espírito tudo é possível.
O tal golo da tranquilidade só surgiria, então, na fase final do encontro, depois de várias oportunidades junto à baliza de Coltorti. Ainda antes de João Pinto fazer o 1-0, Maciel e, sobretudo, Zé Carlos, estiveram muito perto de marcar. A vantagem era magra e os suíços reapareciam, com Roberto Pinto a surgir isolado, mas a falhar incrivelmente, rematando ao lado. Até ficou a ideia de que tinha feito de propósito para não prejudicar os compatriotas.
Rogério Gonçalves viu-se forçado a refrescar a equipa, colocando Cesinha e Castanheira em campo e os suíços nunca mais chegaram perto da baliza de Paulo Santos. Foi já com Marcel em campo que surgiu o 2-0. Mais uma jogada plena de preparação, com Luís Filipe a surgir na direita, cruzando para a área, onde surgiu Castanheira a festejar. Nada melhor do que um homem que viveu tantos momentos (bons e maus) no clube para poder colocar a cereja no topo do bolo.
45 minutos para aquecer
Assistiu-se a um início lento do jogo, talvez pela frieza transmitida das bancadas, com os adeptos arsenalistas a não corresponderem em força ao apelo de apoiar a equipa neste momento histórico. No fundo, acabaram por ser bem menos do que se esperava, mas decididamente ruidosos. Usando o adágio popular: foram poucos mas bons. Ainda assim, a equipa demorou a corresponder ao incentivo ruidoso que ecoava na pedreira.
Com algum receio, nervosismo até, a equipa orientada por Rogério Gonçalves começou por dar espaço ao adversário, que conseguiu criar a primeira oportunidade de perigo, logo aos dez minutos, num remate traiçoeiro do brasileiro António dos Santos. Os suíços potenciavam os seus recursos, correndo muito, trocando a bola ao primeiro toque, mas acabaram por ceder à pressão e limitaram-se a defender.
O jogo dos gafanhotos passava obrigatoriamente pelo pé direito do espanhol Diego León, mas a partir do momento em que Ricardo Chaves lhe encurtou o espaço a bola deixou de rolar para as alas, onde surgiam Roberto Pinto e Dos Santos. O ex-Campomaiorense Ristic nunca conseguiu apagar a imagem de alto e tosco, incapaz de ganhar um confronto a Nem.
Foi com processos simples que os arsenalistas conseguiram subir no terreno e criar perigo junto da baliza defendida por Coltorti. Aos 30 Wender colocou o guarda-redes em sentido, num cabeceamento e pouco depois Zé Carlos desferiu um remate forte, mas o guardião voltou a revelar frieza e segurança. Nos instantes finais do primeiro tempo lance polémico na área, com Zé Carlos a ganhar terreno a Weligton (ex-Penafiel) e a reclamar grande penalidade, mas o árbitro Nikolai Ivanov nada assinalou. Ficou a sensação de que haveria motivo para a marcação da falta.