O Sporting regressou esta terça-feira aos treinos depois da derrota de domingo frente ao Benfica e a perda do segundo lugar da Superliga para os encarnados pareceu não se deixar esconder como o centro do primeiro dia de trabalho para a última jornada do campeonato. O muito vento que se fazia sentir na Academia de Alcochete parecia, em triste contradição para os leões, embalar uma calma que marcava (com profundidade) o plantel sportinguista.
Uma calma de morte. De quem morreu na praia na passada jornada em relação ao último objectivo que restava para «salvar» uma época; o tal acesso à terceira pré-eliminatória da Liga dos Campeões - não que seja legítimo deduzir que os leões tenham baixado os braços ou perdido a esperança no segundo lugar quando ainda há legitimidade (pontual) para tê-la, mas porque já não dependem só de si.
Foi um treino em silêncio aquele a que se assistiu. Um silêncio lânguido dos jogadores, em ritmo inexistente de uma nostalgia presente, como que a recordar melhores dias já vividos por estes jogadores nos campeonatos passados.
As habituais brincadeiras de início de treino não fizeram parte do lote de convidados desta cerimónia. Foi em silêncio, já se disse, que os jogadores entraram no relvado; e foi assim que decorreu praticamente toda a sessão. O vento soprava forte e fazia-se ouvir bem pela ausência dos também habituais gritos de ordem de quem orienta e participa num treino; que não ousavam aparecer para quebrar o clima que presidia ao trabalho.
Trabalho que foi curto, mas que, em alguns momentos, pareceu estar a ser eterno. Por uma ausência de significado do «tudo» o que está reservado para a última jornada do campeonato. Uma eternidade espelhada na forma como os titulares do passado domingo endireitavam o pescoço e olhavam para os companheiros de plantel, quando os primeiros já descomprimiam na relva e os outros ainda marcavam uns golos na peladinha.
A cabeça voltou a ser levanatada para uma saída que foi sendo feita a espaços por quem já tinha terminado. Os habituais suplentes trabalharam o dobro do tempo e só depois se retiraram. Mas como todos acabam por ser iguais nestes momentos, a sensação mais marcante do dia foi constante entre todos os leões que estiveram esta manhã em Alcochete: um silêncio que dizia tudo.