Vítor Damas teria sido um espectador atento e emocionado do treino realizado em Alcochete, na tarde desta segunda-feira. Aproveitando o feriado da liberdade (e a pausa escolar), o Sporting colocou todos os guarda-redes do clube a trabalhar em conjunto.

A «sombra» do eterno símbolo ajudou a suportar uma tarde de intenso calor, que juntou o presente e o futuro da baliza leonina. O «Dia do Guarda-redes» juntou 47 jogadores no campo nº 3 da Academia, das escolas aos seniores, perante o olhar embevecido dos familiares. Rui Patrício e Tiago responderam à chamada e deram o exemplo. Hildebrand faltou por motivos pessoais, que já o tinham afastado do treino orientado por José Couceiro no período da manhã.

Vítor Silvestre, treinador de guarda-redes dos seniores, explicou que este «era um sonho que existia há algum tempo». «Esta iniciativa possibilita aos jovens trabalhar com os elementos da equipa principal, de forma lúdica», explicou aos jornalistas, no final da sessão.

Havia luvas de todos os tamanhos, mas o treino decorreu de forma harmoniosa. «Há algum tempo que o trabalho está uniformizado. Há metodologias utilizadas em todos os escalões, e que todos os técnicos ajudaram a construir. Há uma linha condutora, das escolas aos seniores», explicou Vítor Silvestre.

Tiago era o mais experiente do grupo, mas não ficava a perder para ninguém no entusiasmo. «Isto é bastante importante, é bom para estes jovens. É uma experiência nova, e no lugar deles estava radiante. Eu não tive estas condições. Eu só tive pelados», disse o guarda-redes de 36 anos, sem evitar uma piada do colega de equipa. «Eu ainda apanhei pelados, mas só até aos iniciados. Ainda estava nos iniciados já o Tiago era sénior», brincou Rui Patrício.

O actual dono da baliza leonina recomendou aos mais jovens que «continuem a trabalhar e a ouvir os treinadores», desejando ainda que a Academia produza mais guarda-redes de qualidade no futuro.

Curiosamente, esta sessão foi acompanhada de perto por Mário Lino, que há 37 anos era treinador da equipa do Sporting que fez aproximadamente 40 horas de viagem para regressar a Portugal, devido à revolução. Os «leões» tinham sido eliminados nas meias-finais da Taça das Taças pelo Magdeburgo, na Alemanha, e na baliza tinham um senhor chamado...Vítor Damas.