Numa noite em que os adeptos aplaudiram a imagem e o legado de João Rocha, um presidente que obteve mais de 1200 títulos e teve 15 mil atletas no clube, a equipa leonina deixou o campo com três pontos e, provavelmente, o maior número de ocasiões desperdiçadas na época.
Dizem os sportinguistas que por cada leão que cair, um se levantará. Por aquele que caiu a 8 de março e foi carismático líder do clube ter-se-ão que levantar dez, provavelmente.
Para as cores verdes e brancas, valeu que os 14 que estiveram no relvado e os 22 mil nas bancadas tiveram alma suficiente para aguentar a montanha russa de emoções que foi este triunfo sobre o Vitória sadino.
Sete anos de diferença
Numa noite em que se orgulhou do passado, o Sporting teve também de espreitar o presente e o futuro, a uma semana das eleições presidenciais. O debate fora de campo vai durar mais uma semana, um debate que vai ser feito com base num triunfo e num grupo de miúdos que devia ser o futuro, mas que, fruto das contigências, tem obrigatoriamente de ser o agora dos leões.
Para se perceber a dimensão do que foi escrito, o Sporting começou com um onze mais novo em quase sete anos que os titulares sadinos (22 anos de média nos leões, 28,8 nos setubalenses). Mas talvez por isso, os leões entraram com tudo. Foram avarentos como os jovens que querem viver tudo de uma vez. Por isso também chegaram ao 2-0 e não souberam o que fazer com ele depois.
Não foi uma avalanche ofensiva, não, mas foi o marcar de uma posição. A entrada com maior vontade em campo valeu um par de boas jogadas aos leões e o 1-0 aos 16 minutos, num autogolo de Amoreirinha. Van Wolfswinkel estava na jogada, mas ia perceber-se no resto do jogo que a noite não era para o holandês.
E em meia dúzia de minutos o Sporting dobrou a diferença. Ney quis meter uma gravata no bom fato de Eric Dier o juiz assinalou penalty. Labyad respondeu com o 2-0 e o Sporting estranhamente foi-se durante um bom período de tempo.
Mais experientes, os sadinos não desistiram. Foram à carga como o tinham feito até então. Bola para Pedro Santos, Joãozinho numa aflição e o extremo a cruzar para Makukula reduzir. 2-1 e muitas incerteza.
Ninguém pensa nas consequências
Esqueçamos o intervalo que só serviu mesmo para respirar um pouco. Isto porque o Sporting voltou ao jogo com uma força ofensiva que, no final, seria a maior da temporada em ocasiões, certamente.
Entre os 38 e os 45 minutos, o Sporting enviou duas bolas ao poste, falhou uma recarga clamorosa por Van Wolfswinkel e pelo meio ainda viu Jorge Luiz dar o peito a uma bola de golo de Bruma. Ora, para não se pensar que tudo era um rugido do leão, Bruno Amaro fechou o primeiro tempo com um remate na área de Patrício que não chegou ao destino. Era um aviso.
Como se disse, o descanso só serviu mesmo para ganhar fôlego. Como um cantor respira entre duas notas altas, o Sporting começou a segunda parte em cima da baliza de Kieszek. Primeiro com Van Wolfswinkel a rematar ao lado, depois com o mesmo holandês a levar a bola ao ferro pela terceira vez na noite.
O leão jogava no tudo, ia para a frente destemido, como alguém que faz algo sem pensar numa consequência. Como era aquela história das idades, mesmo?
Assim, descuidava a retaguarda e o Vitória quase aproveitava para chegar ao empate. Teve oportunidades para isso, como os leões tiveram para dilatar o triunfo. O bom trabalho de Dier a meio-campo, Capel e Bruma nas alas (também Cédric), não teve correspondência nem na finalização, nem na parte defensiva (sobretudo Rojo e Joãozinho).
Esta noite é véspera de São Patrício. Mas o melhor de tudo para o universo leonino é que neste domingo isso não será grande notícia, até porque o Vitória acertou tudo ao lado. Assim, sai derrotado de Alvalade, onde mora um clube que atravessa semana decisiva e está a três pontos da Europa, com um jogo a mais que os adversários.