Jorge Jesus afirmou que a proposta para a renovação de contrato pelo Sporting até 2019 já estava em cima da mesa há várias semanas.

«O presidente fez-me esse convite quando faltavam sete a oito jornadas para acabar o campeonato. Quis reforçar o projeto desportivo para além dos dois anos que tinha de contrato e convidou-me para mais um ano. O que é que eu vou ganhar a mais? Não vou aqui discutir as minhas condições contratuais. As melhorias passam por vários factores. Não é só o factor financeiro que está em causa», referiu em entrevista ao programa Tempo Extra, da SIC Notícias.

Durante quase uma hora e meia de conversa, o técnico do Sporting falou sobre a rivalidade com o Benfica, a forma como saiu do clube da Luz, o crescimento dos leões na última época e o alegado assédio do FC Porto, negando que a possibilidade de se mudar para a invicta estivesse em cima da mesa. «Nem o presidente do FC Porto nem alguém estrutura portista me contactou. É uma norma no final das épocas o meu nome surgir sempre como possibilidade para o FC Porto», disse antes de recuperar uma ideia antiga: «Não sou um treinador de um clube. Sou um treinador de quem me quiser e de quem estiver satisfeito comigo.»

Jesus reiterou ainda que quando orientava o Benfica os leões não incomodavam, algo que diz ter sido alterado na última época. «Nós, Sporting, passámos a ser o rival principal do Benfica a partir do momento em que mudei», começou por referir, lembrando depois que no Benfica também encontrou um clube divorciado das vitórias.

«Quando lá chegámos também não eram campeões há seis anos. O nosso percurso tem sido alavancar. Agora estamos a tentar alavancar o Sporting. Quando cheguei ao Benfica, a hegemonia do futebol em Portugal era do FC Porto. Começou a perdê-la e agora está em terceiro», referiu.

O técnico dos leões identificou ainda o momento em que perdeu o campeonato para o rival da Segunda Circular. «Penso que foi mais o jogo com o Benfica [derrota por 0-1 em Alvalade]. Se tivéssemos empatado ficávamos à frente um ponto», constatou, referindo ainda que o empate em Guimarães e a lesão de Teo Gutiérrez tiveram também algum peso.

Depois de ter ganho dois campeonatos consecutivos pelo Benfica, Jorge Jesus perdeu este ano o título para os encarnados. O técnico dos leões recusou parabenizar o rival pela conquista do tricampeonato. E justificou: «Fui campeão três anos e ninguém me deu os parabéns quando eu venci. Porque é que havia de dar agora os parabéns?», atirou.

Jesus frisou, no entanto, que o campeonato foi ganho pelo jogadores e pelo treinador dos encarnados. «As estruturas ajudam, mas quem vence são os jogadores e o treinador.

Sem querer pronunciar-se sobre o clima de «guerra» com Rui Vitória ao longo da época, Jesus não fugiu a alguma considerações sobre a forma como saiu do Benfica. O treinador do Sporting entende ter sido uma vítima de uma política de comunicação que colocou os adeptos do clube da Luz contra si. «Toda a gente sabe quem começou com tudo. As sms’s, o processo de 14 milhões, dia 3 tenho ação. Quiseram-me pôr na cruz, mas eu tenho muita força: ressuscitei sempre», atirou.

Após seis anos e dez títulos na Luz, Jesus rumou a Alvalade debaixo de muita polémica. Questionado se será possível regressar um dia ao Benfica, o técnico torceu o nariz. «Acho que a porta se fechou de vez. Arranjou-se forma de me quererem cruxificar, que fez com que adeptos entrassem muito nessa onda de sentimento. Nunca tive um adepto na rua que me insultasse. Pelo contrário: pedem-me para tirar fotografias e agradecem. Mas lá na luta é diferente. E desculpo tudo.»

O treinador do Sporting deixou ainda uma garantia para a próxima época. «O próximo objetivo é fazer melhor, ser primeiro. É esse o objetivo para o ano. Temos a certeza de que para o ano vamos ser mais fortes», completou.