Está de férias? Chegou tarde da praia, jantou e só agora se sentou no sofá para ler as últimas do futebol? Lamentamos dizer-lhe, mas provavelmente perdeu um dos jogos mais incríveis dos últimos anos.

Também é provável que não tenha ido à praia. Que tenha chegado do trabalho, ligado o televisor e assistido ao Barcelona-Sevilha. A si, que viu o jogo, perguntamos-lhe: valeu a pena, não valeu?

Valeu pois, mas ao intervalo já se escrevia uma espécie de crónica de um vencedor anunciado. Nós, Maisfutebol, fazemos mea-culpa porque não acreditámos no que os nossos olhos ainda iam ver. «Barcelona chega ao intervalo praticamente com o jogo resolvido», escrevemos no AO MINUTO do jogo.

FILME E FICHA DE JOGO

Na altura, o resultado era de 3-1, mas o Sevilha até começou melhor. Éver Banega deixou Ter Stegen pregado ao relvado na cobrança de um livre: 1-0 para a equipa andaluz aos três minutos, no golo mais madrugador da história da Supertaça Europeia.
A vantagem no Sevilha não durou muito tempo. Culpa de Lionel Messi (who else?!). Talvez picado pelo golo do compatriota, o astro do Barcelona respondeu da mesma moeda. Não uma, mas duas vezes, com a facilidade dos génios, capazes de bater livres como quem marca penáltis. E nós por cá, terranos, ainda nos espantamos com o que eles (os extraterrestres que calçam chuteiras) fazem...

1-1 apontado por Messi. Beto bem se esticou, mas...

Consumada a remontada
, o Barcelona instalou-se no meio-campo adversário. A mastigar o jogo com a paciência que o caracteriza e a galgar metros sem grande pressa. E foi entre um e outro esticão que o Barcelona chegou ao terceiro. Com o intervalo à porta, Rafinha recebeu de Suárez e ampliou aumentou a vantagem da equipa de Luis Enrique.

Escrevemos em cima que acreditávamos que o jogo tinha ficado resolvido na primeira parte. Não estávamos certos, mas apostaríamos quase todas as fichas nessa hipótese. Afinal, estávamos a falar de um Super-Barcelona que, mesmo sem Neymar, não deixava de o ser.

Se dúvida houvesse sobre quem levaria o caneco no regresso a Espanha, essas dúvidas pareceram completamente dissipadas pouco depois do reatamento. Aos 52’ A defesa do Sevilha meteu água e Suárez não desperdiçou a oferta, batendo Beto pela quarta vez na noite.

O Barcelona parecia pôr o Sevilha de joelhos. O 4-1 nem dava moral para sonhar. Estava tudo acabado para a equipa de Unai Emery. Reyes, aos 57’, ainda reduziu. O resultado, esse, agora já não envergonhava mas, num ápice, a formação da Andaluzia passou à discussão do resultado.

Se o golo de Reyes teve o condão de despertar os sevilhanos, ao 72’ Kevin Gameiro, na conversão de uma grande penalidade, devolveu-lhes a esperança. Afinal, o Barcelona não estava assim tão distante.

No banco culé, Luis Enrique era o espelho do nervosismo.

O técnico catalão ganhou respeito ao Sevilha e fez marcha-atrás. Tirou Rafinha e lançou Bartra, talvez a antecipar o ataque final do adversário. Unai Emery, por sua vez, gastou todas as fichas. Lançou Immobile e Mariano e o Sevilha conseguiu o «impossível» (assim mesmo, com aspas, porque a partir de hoje este adjetivo passará a ter, forçosamente, outro significado no mundo do futebol). Konoplyanka, que foi lançado já na segunda metade para o lugar de Reyes, fez o empate aos 81’ e levou o jogo para o prolongamento.

Com as duas equipas praticamente de rastos, coube a Pedro Rodríguez desequilibrar a balança a favor do Barcelona. O avançado entrou já no início do prolongamento, mas ainda foi a tempo de dar a vitória aos blaugrana. A cinco minutos do final, aproveitou da melhor forma uma defesa incompleta de Beto para fazer o 5-4, naquele que até poderá ter sido o seu último jogo com a camisola do Barça antes de rumar, ao que tudo indica, ao Manchester United.
«Quédate», pede agora a afición culé a Pedro.

Até final, o Sevilha ainda teve duas boas oportunidades de golo, mas não conseguiu repetir a proeza da segunda parte do jogo.

O Barcelona leva assim para casa a quinta Supertaça do seu historial, igualando o Milan no topo da lista das equipas com mais triunfos na prova. Ao triplete da época passada, Messi e companhia continuam a somar triunfos e já vão no quarto título consecutivo.

Mas esta noite não é só do Barcelona. É também do Sevilha, que mostrou que os pequenos também podem sonhar com o mundo. É, acima de tudo, do futebol!