Mais uma vez, não houve milagres. Paulo Bento arriscou no Restelo e perdeu (1-2), deixando o Sporting numa situação delicada para o segundo jogo em Fátima, terreno onde o F.C. Porto se atolou e caiu na Taça da Liga. O treinador dos leões desfigurou o seu habitual losango e acabou por pagar caro por isso. A perder por 0-1 ao intervalo, Paulo Bento ainda tentou remendar a equipa fazendo entrar Miguel Veloso, Romagnoli e João Moutinho de uma assentada. Chegou para o empate, mas uma «bomba» de Falardo levou de novo o leão ao tapete.
Demasiadas alterações no onze, com destaque para o meio-campo, que desfiguraram a habitual consistência do losango leonino, com um paraguaio (Paredes), um sueco (Farnerud), um brasileiro (Celsinho) e um russo (Izmailov) que nunca falaram a mesma língua e revelaram muitas dificuldades para se entender. A bola rolava aos solavancos, de ressalto em ressalto e obrigava Liedson, cansado de esperar, a um esforço adicional para procurar a tão maltratada bola. Se o ataque não funcionou, a defesa também revelou muitas dificuldades para travar as constantes incursões do Fátima, com particular destaque para a permeabilidade que Had nunca conseguiu estancar no lado esquerdo e para a falta de compensações, com Paredes a constituir-se como um peso morto na zona central.
As dificuldades dos leões tornaram-se ainda mais evidentes perante a boa organização do Fátima que, com um jogo simples, conseguia fazer rolar a bola direitinha, de pé para pé, abrindo caminho no meio do caos leonino para a baliza de Tiago, com destaque para as incursões de Ricardo Jorge e, sobretudo, Marinho. Bem apoiados pelos laterais, os extremos ganhavam facilmente espaços nas costas dos laterais para chegar à área. Se o quadro já não era favorável à equipa de Paulo Bento, um corte de Purovic com o braço em plena área, na sequência de um canto, tornou tudo ainda mais complicado. Cícero colocou o Fátima em vantagem e deixou os leões de cabeça ainda mais quente. Até ao intervalo, o Sporting conseguiu criar apenas um verdadeira oportunidade, num remate de ressaca de Izmailov contra as pernas de Pedro Duarte, entre vários contra-ataques do Fátima que criaram muitos calafrios nas bancadas verdes-e-brancas. Liedson, que também esteve perto de marcar, num roubo de bola a Pedro Duarte, foi o único com nota positiva numa primeira parte confrangedora dos leões.
Era urgente mudar tudo sob o risco do Sporting ver a eliminatória comprometida no Restelo e Paulo Bento não esperou mais um minuto. Com três alterações de uma assentada, o treinador devolveu parte da personalidade ao leão, reconstruindo a equipa com Miguel Veloso, João Moutinho e Romagnoli. O primeiro rendeu Gladstone no centro da defesa, o segundo substituiu Farnerud na direita e o terceiro Celsinho no vértice do losango mais perto do ataque. O futebol do Sporting mudou como do dia para a noite. Ao primeiro apito de Artur Soares Dias, os leões instalaram-se no meio-campo do Fátima, com uma pressão constante sobre a área de Pedro Duarte e não foi preciso esperar muito pelo empate: cruzamento de Abel da direita e remate acrobático do incontornável levezinho a retirar o estatuto de equipa imbatível ao Fátima na Taça da Liga.
O leão respirou de alívio e...perdeu fôlego. O Fátima, que se tinha encolhido, voltou a esticar-se no campo, obrigando o leão a correr mais para ter a bola. Izmailov esteve muito perto de marcar, na sequência de mais um cruzamento de Abel, mas o Sporting foi-se afastando da baliza de Pedro Duarte, até sofrer novo balde de água fria. Falardo, com um pontapé do meio da rua, surpreendeu Tiago e relançou a festa entre as centenas de adeptos do Fátima nas bancadas. De coração ferido, o leão voltou à carga, com pontapés de raiva de Moutinho, Miguel Veloso e Romagnoli, mas não conseguiu alterar um resultado que deixa os leões numa situação muito difícil para a visita a Fátima.