Um penálti de Adrien Silva valeu a Portugal a conquista do último lugar do pódio na Taça das Confederações.

É provável que aí desse lado, por mais rebuscada que seja a sua imaginação, não acreditasse que esta crónica começasse com um penálti convertido pela Seleção Nacional. Pelo que se passou no jogo anterior contra o Chile (três pontapés falhados dos onze metros no desempate) e até mesmo neste domingo diante do México, em que André Silva permitiu a defesa a Ochoa aos 17 minutos.

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A marca dos onze metros, onde Portugal foi tantas vezes feliz no passado, ameaçou tornar-se num trauma para a equipa de Fernando Santos.

Onze metros é por vezes a distância que vai da felicidade à desilusão absoluta.

E vice-versa.

Desta vez, e depois de tanta insistência, a roleta russa finalmente sorriu à equipa das quinas.

Onze alternativo, dinâmica interessante e… desperdício

Ainda que com uma equipa de recurso – Fernando Santos fez oito mexidas relativamente ao onze que alinhou de início no jogo com o Chile – Portugal produziu o suficiente para justificar despedir-se da Taça das Confederações com o último lugar do pódio.

Essencialmente com Pizzi e Gelson Martins numa dimensão diferente à dos restantes companheiros, a equipa das quinas apresentou-se até mais consistente do que no jogo de estreia na competição, diante desta mesma seleção mexicana, também ela a apresentar-se com algumas mutações na equipa inicial mas com o 4X3X3 do costume.

Órfãos da letalidade do capitão Cristiano Ronaldo, os comandados de Fernando Santos não conseguiam dar corpo à superioridade no relvado. O penálti de André Silva será o expoente máximo de uma ode ao desperdício concebida por Portugal até aos 91 minutos, mas houve muito mais do que isso. Nani falhou duas vezes a centímetros da baliza, Gelson não conseguiu bater Ochoa e Pizzi também foi infeliz na finalização.

Convém referir que, ainda que Portugal tenha merecido a vitória, também houve México em campo. Sem o volume de jogo da primeira partida contra a equipa das quinas, mas com um ataque veloz e capaz de assustar. Nos intervalos do desperdício do ataque luso, Patrício apagava fogos em duelos interessantes com Chicharito, mas acabou traído por um desvio infeliz de Neto aos 54 minutos.

O golo mexicano não arrasou animicamente Portugal. Na verdade, Portugal foi-se auto-arrasando. Oportunidade atrás de oportunidade desperdiçada.

A esperança na ponta da bota de Pepe

Entre os 70 e os 82 minutos, Fernando Santos fez três substituições. A Quaresma (lançado para o lugar de Nani) seguiram Adrien e André Gomes por Moutinho e Danilo. O balão parecia mais vazio do que nunca, mas ainda havia fé. No arco de Quaresma e na ponta da bota de Pepe, que ficou lá em cima para desviar com sucesso um cruzamento do extremo já para lá dos 90 minutos.

Já perto do final do prolongamento, Gelson picou sobre Layún, que tocou na bola com o braço esquerdo. O recurso ao vídeo-árbitro ratificou a decisão do juiz da partida, ao contrário do lance que deu origem ao castigo máximo falhado por André Silva, no qual a tecnologia corrigiu a leitura do árbitro.

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Depois de Quaresma, Nani, Moutinho e André Silva, chegava a vez de Adrien. O médio do Sporting ganhou, finalmente, um duelo com o guarda-redes adversário e deu a Portugal o bronze nas Confederações. Dos onze metros: a distância que, afinal, também separa a desilusão da felicidade absoluta.

E quase que nos esquecíamos disso.