Foi longa a espera do Benfica, e implicou uma boa dose de sofrimento. Muito mais do que em Leiria, na final da Taça da Liga. Mas um grande golo de Nico Gaitán garantiu a vitória no Jamor, e dez anos depois as «águias» voltam a erguer uma Taça de Portugal, quebrando vinte e sete anos sem saborear uma «dobradinha».

A equipa de Nuno Espírito Santo deixou tudo em campo, como o treinador pediu, e o prolongamento teria sido mais do que justo. Foi uma final com interesse em crescendo: a primeira parte dominada pelo Benfica, mas no limite das forças, já com as pernas a responder pouco, e um segundo tempo em que o Rio Ave se atirou ao campeão, mas uma vez mais sem o conseguir derrubar.

Foi uma reação de barba rija, ainda assim, digna do palco e digna da equipa dos barbudos que esteve na final de 1984.

Antídoto argentino para a monotonia

O domínio encarnado dos primeiros 45 minutos foi sobretudo territorial, perante um adversário prescindiu de um ponta de lança (titular na Taça da Liga, Hassan foi suplente desta vez), juntando Braga a Rúben Ribeiro. A ideia de Nuno Espírito Santo seria ter uma primeira linha defensiva mais eficaz, e embora tal não tenha sido muito visível, a verdade é que o Benfica não traduziu o tal domínio em ocasiões de golo.

Acabou por ser uma primeira parte sonolenta, com a monotonia quebrada apenas pelo pé direito de Nico Gaitán, imagine-se só. A tabela com Enzo Pérez foi intercetada por Lionn, mas a bola voltou ao número 20 encarnado, que recorreu a um trunfo inesperado para colocar o Benfica em vantagem, precisamente ao minuto 20.

Seis minutos depois a equipa encarnada até esteve perto de aumentar a vantagem, com Garay a cabecear na sequência de um canto, para defesa por instinto de Ederson, mas estes foram os únicos momentos de interesse do primeiro tempo.

O Benfica deixou-se adormecer e o Rio Ave foi também incapaz de explorar o contra-ataque. O único remate foi de Tarantini, e saiu pela linha lateral (14m).


Benfica acabou a época a sofrer

A segunda parte foi diferente, contudo. Bem diferente, com o Rio Ave a mostrar-se capaz de encostar o Benfica às «cordas». A equipa de Vila do Conde criou duas mãos cheias de oportunidades (!!), inclusive um remate de Pedro Santos ao poste (63m).

Mas foi mais do que isso. Marcelo ficou a centímetros do golo na sequência de um canto e Oblak teve de aplicar-se em duas ocasiões, nomeadamente a um remate de longe de Braga (69m).

O Benfica mostrou-se cansado. Perdeu Amorim por lesão, de resto, e até Enzo Pérez, que falhou a final da Liga Europa, pareceu limitado. Com tudo isto a equipa encarnada mal conseguiu incomodar Ederson na etapa complementar.

Feitas as contas foram três situações de perigo: um remate de Lima que bateu em Rodríguez, um remate de Markovic que obrigou o guarda-redes do Rio Ave a defesa apertada e um cabeceamento de Garay ao lado.

Foi manifestamente pouco, e o Benfica acabou a sofrer, mas agarrou a 25º Taça de Portugal do seu historial.