Afastamento das competições europeias; derrota no dérbi e novo fosso cavado para o líder na Liga. Duas derrotas seguidas deixam sempre mossa, mas estas abriram feridas. Mas, mesmo em fase de recobro, e numa altura em que os sinais vitais ainda não estão estabilizados, o leão saiu vivo do Bonfim.

Foi preciso sofrer em terras do Sado para o Sporting regressar a Lisboa com luz verde para os quartos da Taça de Portugal. E Jorge Jesus parecia antecipar uma noite difícil, ao ponto de ter feito apenas uma alteração em relação ao onze que fez alinhar no domingo passado com o Benfica no Estádio da Luz: Joel Campbell no lugar de Bryan Ruiz.

Não foi um jogo fácil para a equipa de Jorge Jesus, que esteve no fio da navalha até ao golo solitário de Bas Dost, e não seria chocante se estivesse agora a lamentar a terceira derrota no espaço de oito dias.

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É importante fazer um breve sumário da primeira parte da equipa de Jorge Jesus, ao nível do pior que já se viu nesta época. Com muitas desatenções defensivas, incapacidade de controlar o jogo a meio-campo e uma anormal falta de dinâmica das ações ofensivas, os jogadores do Sporting foram dando oxigénio a um bem organizado conjunto sadino.

Afoita, a equipa de Couceiro demonstrou sempre uma enorme coesão defensiva e capacidade para explorar os deslizes dos leões. Com Mikel Agu e Costinha em enorme evidência a limitar o jogo central do Sporting, foram vários os calafrios causados a Rui Patrício. O guardião dos leões foi um autêntico pronto-socorro principalmente nos primeiros 45 minutos: primeiro ganhou no frente a frente com Edinho após deslize gigante de Rúben Semedo; depois opôs-se a Ryan Gauld.

É certo que, do outro lado, os leões também podiam queixar-se da inspiração de Pedro Trigueira. O guarda-redes sadino brilhou a dobrar num lance em que defendeu para o poste o penálti de Adrien e negou-lhe o caminho do sucesso com uma defesa gigante na recarga do castigo máximo.

Com muita incapacidade para ligar o jogo, o Sporting dependia essencialmente dos impulsos de Gelson, que foi sempre o elemento mais inconformado da equipa de Jorge Jesus.

Depois de uma primeira parte na corda-bamba, os leões retificaram alguns aspetos no segundo tempo, mas só a entrada de Bryan Ruiz, já dentro dos 20 minutos finais, trouxe algum critério ao futebol da equipa. Curiosamente (ou nem tanto), pouco depois o Sporting chegou ao golo que lhe deu o passaporte para os quartos de final da Taça. Em zona frontal, Bas Dost deu o melhor seguimento a uma incursão de Marvin pelo flanco esquerdo.

Os sadinos acabaram por acusar o golo sofrido e já não demonstraram força nem frieza para reagir ao golpe causado numa altura em que o cenário de prolongamento já começava a ganhar força.

O leão passou no Bonfim, num jogo em que mostrou ainda não ter feridas saradas de guerras recentes.

Cumpriu a missão, é certo, mas doeu mais do que estaria à espera.