Fernando Tomé esteve dos dois lados da barricada. Vestiu a camisola do Vitória em várias finais da Taça de Portugal, e depois vestiu a camisola do Sporting para retirar ao mesmo Vitória a possibilidade de somar mais um troféu. Apesar da «traição» já perdoada, o agora coordenador técnico desportivo salienta que o verde que lhe corre por dentro é de Setúbal.
«Se acontecer aquilo que toda a gente sonha, a cidade vai juntar-se», disse, a propósito da possibilidade de o Vitória conquistar a Taça de Portugal. «Numa final não há favoritos», afirmou, recordando o momento em que viu a meia-final com o Boavista terminar no Bonfim: «Saltou-me uma lagrimazinha.»
Tomé não esquece a festa que se fez quando o clube venceu a Académica na final de 67. «Depois de 32 anos, estando do outro lado da barricada, nunca esqueci a invasão que foi, a forma como foi festejada a vitória. Ninguém cabia na Praça do Bocage, nem uma cabeça de alfinete», lembrou.
Neste novo feito, de conseguir chegar ao Jamor, Tomé diz que os jogadores são «os grandes protagonistas». «Toda a estrutura que os acompanha tem mérito. É de justiça elogiar este grupo de trabalho», referiu.
Tomé deixou entretanto um aviso aos jogadores. «Este é um marco histórico que pode ficar na carreira deles. Nós, jogadores, temos sempre coisas que ficam guardadas para sempre. Um dia dei um túnel no Bobby Charlton e ele disse-me: ¿very good, very good¿. São pequenos prémios que queremos guardar, tal como a Taça.»