Tiago Costa é um dos vários jogadores lusos por esse mundo fora. Formado no Benfica, o lateral direito de 28 anos representa atualmente o Hapoel Tel Aviv. O Maisfutebol procurou saber mais sobre a sua experiência em Israel, um país com uma «mentalidade muito própria».

«Assinei por quatro meses com mais um ano de opção. Tem sido uma experiência muito boa, um país muito diferente. A cultura deles é muito diferente, existe uma grande mistura de religiões e o próprio futebol é diferente. Têm um limite de cinco estrangeiros», começou por contar.

A carreira de um jogador de futebol é preenchida com histórias muito curiosas. Tiago Costa contou-nos algumas.

«Aqui em Israel, o Hapoel e o Maccabi Tel Aviv são rivais. O Hapoel veste vermelho e o Maccabi amarelo. Um dia, ao chegar ao treino, fui abordado por alguns adeptos por causa da minha camisola com uma risca amarela. Pediram-me para não utilizar roupa com a cor amarela e não uso mesmo. Um colega de equipa tinha umas chuteiras amarelas e foi obrigado a tirá-las».

Preferem ganhar o derby a serem campeões

O ex-jogador do Benfica revelou que a rivalidade é tão grande que os adeptos do Hapoel Tel Aviv preferem perder o campeonato a serem derrotados pelo Maccabi.

«Desejam mais ganhar os derbys do que o campeonato. A semana antecedente ao jogo é incrível. Os treinos têm muita gente a assistir. Perdemos por 4-0 frente ao Maccabi e acabámos por sair do estádio escoltados. Foi assustador. Invasões nos treinos são frequentes e já chegámos a ser atingidos com pedras nas corridas de aquecimento».

Israel é um país afetado pelos conflitos com a Síria. Tiago Costa admitiu ao Maisfutebol que teve receio em aceitar o desafio.

«Fui afetado por alguns problemas. Antes de ir estava com um pé atrás. Vi mísseis lançados pela Síria sobre Israel. Os meus companheiros sempre me disseram que faz parte do dia-a-dia. Também presenciei ameaças de bomba em plena auto-estrada», revelou.

Quanto ao futebol israelita, Tiago Costa acredita que tem capacidades e um futuro risonho à sua frente. «Potencial não falta. Apostam em treinadores estrangeiros, o Cruyff é diretor desportivo do Maccabi e, passado 10 anos, foram campeões. São clubes grandes, com muitos adeptos. O nível financeiro também conta».

Os objetivos para o futuro da sua carreira estão bem definidos. Se não surgir uma proposta de um clube português, ficará por Israel.

«Quanto ao ano de opção, estamos em conversações. Muita coisa vai mudar (treinador, redução de orçamento e jogadores). Se não receber nenhuma proposta de Portugal, permaneço», disse.

A passagem pelo Benfica, a Escócia e o Estoril

Formado no Benfica, Tiago Costa não esquece os sete anos passados no clube da Luz. Mas ao fim desse tempo, mudou-se para o Hearts da Escócia.

«Fiz a formação toda no Benfica e agradeço por isso. Na altura, apresentaram-me uma proposta de renovação por mais dois anos e subir à equipa principal. Mas surgiu uma proposta da Escócia mais vantajosa», explicou.

Seguiram-se outras experiências até à viagem para Israel. Representou o Estoril durante uma temporada e não quis deixar de elogiar o trabalho desenvolvido por Marco Silva, seu antigo companheiro de equipa.

«É um clube muito organizado, tem um treinador (Marco Silva) que já foi meu capitão de equipa e é um grande líder. Tem um plantel equilibrado entre juventude e experiência e a sua organização é fundamental. É um clube pequeno, mas grande», concluiu Tiago Costa.