Tiago Pinto foi o convidado da entrevista semanal Maisfutebol/Rádio Clube Português. O jogador do Trofense falou com orgulho sobre o seu pai, João Vieira Pinto, e deixou algumas revelações. Das lágrimas vertidas pelas derrotas do progenitor até à leitura atenta das crónicas escritas pelo mesmo e das quais discorda de quando em vez.
Como tem corrido a adaptação ao norte? O Tiago nasceu no Porto mas cresceu e passou grande parte da sua vida em Lisboa.
Adaptei-me rapidamente. Foi muito fácil, sinceramente. A maior diferença é a proximidade entre as pessoas.
Preocupa-o carregar o peso de um passado tão rico como o do seu pai?
Não, não me preocupa. Ele teve a sua carreira, eu tenho a minha. Sei que as comparações são inevitáveis, mas habituei-me já a esse peso de que me fala. Sinto um grande orgulho e não um fardo com esta comparação. Mas claro que gostaria que as pessoas se lembrassem de mim como o Tiago Pinto e não como o filho do João Pinto.
Costuma falar sempre com o seu pai depois dos jogos do Trofense?
Sim, sempre. Trocámos opiniões mais sobre o jogo do que sobre as minhas actuações. E falamos também muito sobre as outras partidas.
Sei que é um leitor atento das crónicas que o seu pai escreve. Concorda sempre com as opiniões dele?
Às vezes discordo e procuro dar o meu ponto de vista. Ele aceita bem as minhas críticas.
Gostaria de ter sido colega de equipa do seu pai?
Não sei¿ seria curioso. Se calhar gostaria de passar por essa experiência. Mas não sei se iria gostar.
O João Vieira Pinto deixou de representar a Selecção Nacional depois do Mundial de 2002. Ele sente alguma mágoa pela forma como foi tratado pelos dirigentes da FPF?
Ele diz que não devemos olhar para o passado. Já admitiu que errou, gostaria de não o ter feito, mas não pensa diariamente nisso.
O seu pai não tem boas recordações do único clube que representou no estrangeiro. Isso pesa na sua consciência e inibe-o de partir para fora?

Cada caso é um caso. Ele foi de forma prematura para Espanha e percebeu isso. Se tivesse ido mais tarde, estou certo que teria sido bem melhor.
Qual foi a grande competição de selecções onde o seu pai esteve que mais o marcou?
O Euro2000. Estive lá e nunca me irei esquecer daquele França-Portugal.
E o Abel Xavier sempre fez penalty?
Na altura não achei, mas agora vejo as imagens e aceito a decisão.
Vibrava com os jogos do seu pai?
Sim, ficava muito nervoso. Chorava sempre quando ele perdia.
E ele também sofre ao vê-lo jogar?
Sim, sofre, mas tem muita experiência e sofre de outra maneira.