A figura: Quaresma

Esteve meio ano parado. Veio de um campeonato que nada tem a ver com a exigência da Europa, depois de um percurso em declínio desde que deixou o Dragão. Talvez até tenha algum (não muito) peso a mais. Mas, apesar de todos estas contra-indicações, chegou e já ele (e quase só ele) a mexer com o jogo do FC Porto. Tenta, pelo menos, o que nem sempre recolhe a aprovação das bancadas. O entendimento com Danilo, o lateral que está mais vezes do seu lado, e Jackson, o ponta-de-lança, precisa, contudo, de ser afinado. O golo que marcou, valendo na altura o empate, também inflaciona a nota, mas não é decisivo na avaliação.

O momento: desta vez cinco minutos chegaram a Ghilas

Minuto 84. A substituição até parecia mais a pensar num eventual prolongamento e acreditar que Quaresma não tinha pernas para mais meia hora de futebol. Mas a entrada de Ghilas acabou por desbloquear o jogo antes do minuto 90. Paulo Fonseca insiste em não lhe dar muitos minutos de cada vez e o argelino lá foi para campo tentar fazer desse tempo o suficiente para mostrar alguma coisa. Quase nunca dá. Esta noite foi o dia. Marcou o golo que coloca o FC Porto nas meias-finais da Taça de Portugal e assume-se como o homem das competições paralelas, depois de ter sofrido o pénalti que valeu a vitória frente ao Marítimo, na Taça da Liga.

O azarado: Carlos Eduardo

Lance infeliz e um ponto final madrugador no jogo. Foi a partir da lesão de Carlos Eduardo que o FC Porto começou a abanar até sofrer o golo de Babanco. O médio brasileiro dominou mal uma bola e, ao tentar emendar e evitar que Tiago Gomes saísse para o ataque, pousou mal o pé. Aparentemente será uma entorse, mas só o departamento médico poderá confirmar. Estávamos no minuto 20.

Outros destaques

Herrera


O estilo, já se sabe, é peculiar. As amarras táticas também não o ajudam. A quantidade de passes que erra e algumas hesitações em momentos chave fazem os adeptos perderem a paciência. Mas, feitas as contas, Herrera foi dos melhores do FC Porto esta noite. Inventou o lance do golo do empate, após tabelinha com Jackson, e mostrou alguns pormenores de qualidade, sobretudo no seu aspeto mais forte: transição com a bola no pé. Se arranca leva perigo e o Estoril deixou, algumas vezes. Na segunda parte até foram vezes a mais para quem queria outro final.

Diego Reyes

Terrível, terrível o primeiro tempo do jovem mexicano, ficando ligado ao golo e às melhores ocasiões que o Estoril dispôs. Péssimo o timing com que entrou à bola num lance em que Sebá ficou na cara de Fabiano. Má leitura, pouco depois, de um corte de Herrera na sua direção, com Carlitos a atirar por cima. Muito macio com Babanco, que até nem é dos jogadores mais fortes fisicamente deste Estoril. Foi a terceira e deu golo. Tem de mostrar mais para poder reclamar mais oportunidades.

Mangala

Capitão por motivos tristes a nível pessoal. Mas uma braçadeira merecida. Um dia depois de perder o pai, o central francês optou por ficar com a equipa e ir a jogo, num gesto que merece vénia. O FC Porto premiou-o com a braçadeira de capitão. O jogo não foi exuberante, foi certinho. Um pouco como tem sido Mangala nos últimos tempos.

Babanco

Decisão certa na hora certa e um golo de muita qualidade. Ganhar o duelo de ombros com Reyes até parecia o mais simples, mas Babanco tratou de mostrar que mais ainda foi a decisão que fez a diferença. Bola picada por cima de Fabiano e golo de belo efeito. O momento de maior brilho num jogo competente nas costas de Sebá.

Yohan Tavares

Classe em dois lances. Primeiro, ao minuto 13, tirou o pão da boca a Quaresma na área, quando o português estava em excelente posição para marcar. O rigor defensivo fez a diferença. Depois, aos 28, vestiu uma pele que não costuma ser sua e deu-se bem: excelente a abertura para Babanco abrir o ativo.