Foram mais de oito meses sem uma vitória para a Liga, mas a maldição já lá vai: a U. Leiria já sabe ganhar! O último triunfo tinha acontecido à 28ª jornada da edição anterior, a 6 de Maio, quando os homens do Lis bateram, em casa, o Desp. Aves por 3-1. Os sorrisos voltaram a rasgar as caras de um bando de jogadores que, finalmente, conseguiu reagir à adversidade e aproveitar uma das últimas oportunidades para se agarrar à salvação.
Mas não foi só a primeira vitória dos leirienses no Campeonato que assumiu forros de ineditismo. Pela primeira vez, nesta mesma prova, os homens do Lis conseguiram ganhar um jogo em casa depois de terem marcado - nas outras três vezes, apesar dos golos, perderam sempre - , assim como João Paulo, melhor marcador da equipa, logrou fazer o gosto ao pé no Municipal Dr. Magalhães Pessoa pela primeira vez e logo em dose dupla. Laranjeiro fixou o resultado final numa grande penalidade e, com isso, os leirienses obtiveram tantos golos nesta partida quanto os que tinham marcado até ao momento na Liga. De nada valeu o tento, fora de horas, de Edgar.
A Académica entrou claramente melhor no jogo. Serena, mais confiante e determinada, optou por trocar calmamente a bola, sem pressas, tentando travar o esperado ímpeto do adversário e apostada em explorar sobretudo a meia-distância, por intermédio de Joeano (duas vezes) e Tiero.
A primeira grande defesa do encontro pertenceu, justamente, a Fernando mas as restantes tentativas estudantis passaram ao lado. Quanto ao Leiria, pouco. Muito pouco. Em rigor, apenas uma escapadela de Harison, pela esquerda, culminada com um remate à figura de Pedro Roma.
Estava o jogo nesta toada quando, do meio do nada, João Paulo, aproveitando um ricochete em Toñito, desferiu um senhor pontapé na zona da meia-lua, rasteiro, levando a bola a entrar junto do poste direito da baliza à guarda de Pedro Roma. O guarda-redes da Briosa ter-se-á atirado à bola com atraso, mas tem o atenuante de haver muita gente na sua frente, tolhendo-lhe o campo de visão.
A vantagem tirou o discernimento aos forasteiros, na exacta medida em que estimulou os locais. A União passou, finalmente, a ter as rédeas do jogo e a calma inicial dos estudantes deu lugar a um estado de nervos que atingiu até os jogadores mais insuspeitos como Pedro Roma.
Primeiro, numa saída em que chega primeira à bola, mas acaba por derrubar João Paulo, depois numa altercação com o banco leiriense, que obrigou o colega Paulo Sérgio a ter de segurar o seu capitão, para que não visse o segundo amarelo. Parafraseando Jorge Jesus, esta seria a melhor altura para pedir um time-out, à imagem do Basquetebol. Como isso não era possível, o melhor que se arranjou foi o intervalo.
Papéis invertidos
A segunda parte trouxe, basicamente, mais do mesmo. A Académica à procura do empate, fazendo a vontade ao Leiria. A táctica que seria inicialmente a utilizada pelos forasteiros, passou a servir na perfeição os interesses dos locais, após o golo de João Paulo.
A União cerrou fileiras, aguentou a reacção do adversário, e esperou calmamente por uma oportunidade para elevar o resultado. O inevitável João Paulo, que até este jogo nunca tinha marcado em casa, voltou a acertar com as redes e deu o golpe definitivo no ânimo académico.
Quando Laranjeiro elevou para 3-0, na conversão de uma grande penalidade, o jogo já estava mais do que decidido para o lado dos comandados de Vítor Oliveira e o tento de honra de Edgar só teve, mesmo, essa função.