Uma das discussões a que se assiste todas as épocas é se as equipas têm picos de forma ou não. Para João Aroso, preparador físico do Sporting, isso não faz sentido: «Nós temos uma competição muito grande e duradoura. Não podemos estar à espera que uma equipa esteja bem, principalmente uma equipa como a nossa que tem de ganhar sempre, só em dois ou três jogos, tem de estar preparada para ganhar sempre. Isso só é possível se mantivermos uma metodologia de trabalho semelhante, que não visa esses picos de forma, mas sim manter patamares de rendimento elevados e o mais constantes possíveis. Evidentemente, existem factores que influenciam, mas a ideia é tentar manter a forma, de maneira a não baixar.»
Um plantel tem mais de vinte elementos diferentes e cada um dos jogadores tem reacções diferentes. Daí, explica João Aroso, que «o treino tem em vista as especificidades dos jogadores». Quando se trabalha em «dominante táctica», ou seja, partindo do que o treinador pretende, em termos físicos, os trabalhos são ajustados às suas funções de jogo e às suas capacidades.
O preparador não concorda com a ideia de que o início da época é a altura mais importante, em termos de preparação física: «Não podemos pensar que a pré-época tem uma influência determinante no decorrer de toda a temporada. Esse é um conceito que procuramos ultrapassar e que vêm um pouco das teorias tradicionais do atletismo. Não faz sentido. Se não podíamos pensar que fazíamos a pré-época e depois não treinávamos mais. Vínhamos aqui e fazíamos uns esquemas tácticos e não mexíamos mais nos aspectos físicos, porque as bases estavam garantidas. Estou a exagerar, mas é para que compreendam a ideia. Temos de trabalhar da mesma forma, porque o que fazemos no início da época é importante talvez mais em termos tácticos, porque não há pressão da competição. Em termos físicos, o que pretendemos é que a equipa ganhe condição física e que a mantenha.»
João Aroso apontou que todos os exercícios, mesmo que privilegiem a parte física, têm sempre uma componente táctica. O preparador diz mesmo que o que mais preocupa a equipa técnica, neste momento, é a componente táctica.
Seria bom que o calor não fosse tão intenso para que os jogadores estivessem «mais disponíveis e menos moles», mas João Aroso não deixa de felicitar a entrega e empenhos demonstrados pelos jogadores.