O «playoff» de apuramento para o Euro2012, diante da Bósnia, proporcionou a estreia de Vieirinha na Selecção A de Portugal. Depois de um longo percurso nas camadas jovens, o jogador do PAOK recebe pela primeira vez um voto de confiança por parte do seleccionador Paulo Bento.

Jogador diz que chamada «é uma honra»

Para o pai de Vieirinha, esta era uma notícia já esperada: «Foi sempre titular em todas as selecções, até aos sub-23, portanto estava sempre na expectativa que fosse chamado um dia qualquer, pelo valor que tem».

João Pereira Freitas pensa até que a chamada de Vieirinha para o duplo compromisso com a Bósnia peca por tardia, embora reconheça a mais-valia dos oponentes de sector. «Acho que ele já deu provas mais do que suficientes, embora Portugal esteja bem servido de extremos, como é o caso do Nani, o Quaresma e de outros colegas.»

Problemas com as cabeçadas

Adelino André Vieira de Freitas nasceu em Guimarães, e desde cedo começou a despontar nas camadas jovens do Vitória. Aos 8 anos, pela mão de Rola, começou a dar os primeiros pontapés na bola, e rapidamente ganhou uma alcunha que resiste até hoje. «O treinador dele nas camadas jovens era um cunhado meu, que é Vieira de apelido, e como ele era sobrinho começaram a chamar-lhe Vieira», explica o pai do jogador.

Da infância o progenitor recorda algumas marcas de crescimento que ficaram cravadas no corpo: «Andava sempre rachado quando era pequenino, a treinar gestos de cabeça andava sempre a correr com ele para o hospital. Se hoje lhe rapar a cabeça tem marcas por todos os lados.»

Vieirinha transferiu-se para o F.C. Porto aos 15 anos, mas por lá nunca se impôs, tendo apenas uma hipótese com Jesualdo Ferreira, depois de passar pela equipa B dos dragões e pelo Marco. Actuou em nove encontros como suplente utilizado, um deles a contar para a Liga dos Campeões. Foi decisivo, contribuindo com um golo, para a conquista da Supertaça Cândido de Oliveira.

A cobiça grega

Vieirinha está há quatro anos na Grécia, ao serviço do PAOK, e o pai garante que o filho não teve grandes dificuldades na adaptação. «Vejo todos os jogos dele pela internet. Ele adaptou-se bem, a nós é que custou um bocadito, porque estávamos habituados a tê-lo sempre aqui. Já lá fomos, e agora vamos outra vez para o Natal», explica.

Fernando Santos foi o técnico que levou Vieirinha para Salónica, e que agora o queria recrutar para a selecção grega. «Falou com ele e disse-lhe que a Grécia precisava dele», referiu João Pereira Freitas, acrescentando que a selecção grega «não está muito bem de extremos». O pai do jogador acredita mesmo que foram os seus conselhos que fizeram Vieirinha esperar pela selecção portuguesa. «Esteve mesmo quase, ele um bocado triste e eu ia-lhe dizendo que a vez dele ia chegar», acrescentou.

Regresso a Guimarães esteve próximo

Vieirinha ainda não vestiu a camisola da selecção principal, apesar do longo trajecto nas selecções jovens, nem a do clube que o formou. Natural de Guimarães, passou pelos escalões da formação do Vitória, mas saiu antes de chegar à equipa principal.

A possibilidade de regressar à cidade-berço é, na perspectiva do pai, uma possibilidade ainda não descartada: «Pode vir a acontecer. Quando ele estava entusiasmado para vir e não quiseram, ficou um bocado desapontado. No tempo do Cajuda ele vinha a título de empréstimo pelo Porto, mas deu uma notícia a um jornal que não caiu bem e ficou um bocado sentido.»

Apesar deste episódio, o pai de Vieirinha não põe qualquer objecção a um possível regresso. «Ele é um vitoriano de raiz, gosta do clube. Não digo que ele não venha a vestir a camisola do Vitória», explica João Freitas, que tem outro filho, João Carlos, nos juniores do emblema minhoto.