No ano em que foi feito o maior esforço financeiro para apetrechar a equipa, reclama a Direcção, o Guimarães tarda em reencontrar-se e prepara-se para viver uma tremenda aflição. Dois pontos separam-no do pesadelo. A pesada derrota de Barcelos deixou a cidade de Guimarães em clima de profunda consternação e descrença.  

Quando a época desportiva começou, ninguém arriscaria tão pobres desenvolvimentos. Paulo Autuori, consagrado treinador, concordara deixar o Brasil no intuito de orientar um projecto de três anos, com a coordenação de todo o futebol juvenil à mistura nas suas competências. O Guimarães parecia apostado em incomodar os «grandes», mas tudo não passaria de mera ilusão. Ainda por cima, a SAD preconizada por Pimenta Machado teima em não sair do papel. E como são os resultados desportivos a ditar, quase sempre, as decisões a tomar, Paulo Autuori abandonou o clube ao fim de 12 jornadas. Conquistou 12 pontos em 36 possíveis, somando três vitórias, três empates e cedendo seis derrotas. A contestação agudizou-se com a pesada derrota frente ao Benfica em Guimarães por 4-0, fazendo da rescisão uma saída inevitável. 

A segunda pior defesa 

No dia seguinte, Álvaro Magalhães, então treinador do Gil Vicente, era contratado. Mas os resultados negativos prolongaram-se, com ligeiro agravamento. Em 27 pontos possíveis, o novo técnico angariou apenas sete, resultado de uma vitória, quatro empates e quatro derrotas. Desde que Álvaro pegou na equipa, o Guimarães sofreu 13 golos e marcou sete. Em consequência da adição, é a segunda defesa mais batida do campeonato, com 36 golos encaixados. A tabela classificativa traduz com fidelidade o percurso negativo que os minhotos vêm fazendo na I Liga, ocupando actualmente a 14.ª posição, sem saber o que é vencer há seis jornadas e não ganhando em casa desde a 10.ª jornada, em Novembro do ano passado.  

Esta época, já por quatro vezes, o Guimarães terminou os 90 minutos vergado à força da «chapa quatro». Frente a Sporting, Benfica, Boavista e Gil Vicente, os minhotos sofreram as derrotas mais pesadas da época. Para agudizar esta má «performance» do Guimarães no campeonato, fica na retina o terceiro ano consecutivo em que a equipa é eliminada pelo Moreirense na Taça de Portugal. Estranho «fantasma»...  

Quantas mexidas...

No princípio da época entraram 13 novos jogadores: Cândido, Tomic, Paulão, William, Rogério Matias, Abel, Hugo Cunha, Maurílio, Sérgio Júnior, Congo, Manoel, Auri e Fangueiro. Os dois últimos regressaram o Guimarães, depois de emprestados ao Gil Vicente. Na crise de resultados, também o plantel foi alvo de reajustamentos. Uma espécie de lista de dispensas, género que a Direcção jamais confirmou, aconselhou vários jogadores a procurar outras paragens. Preto tê-lo-á feito por livre e espontânea vontade. Seguiram-se os abandonos compulsivos de Márcio Theodoro, Cândido, Costa, Paulo Rúben e Congo.  

Recentemente, Maurílio começou a treinar à parte, mas voltaria a ser integrado, sem encontrar clube no Brasil, ao contrário do defesa Rubem, que continua a trabalhar sozinho, por alegada falta de qualidade. Entretanto, mais três atletas foram adquiridos na reabertura do mercado futebolístico: Águia, Marco e Sion juntaram-se ao plantel, com os dois últimos a tentarem afirmar-se no onze titular.  

A política de contratações, possivelmente a mais pesada causa para tão pobre rendimento, não escapa à contestação de uma franja de associados que questiona o porquê das saídas de Tito, Edmilson, Riva e Brandão. Sem esperanças numa feliz recuperação, os adeptos do Guimarães, conhecidos pela exigência do futebol-espectáculo a que foram especialmente habituados por Quinito, aguardam, impacientes, pelo final da época, com pressa de assistir ao começo de uma outras, que os faça esquecer um dos piores momentos das últimas décadas.