Faço parte do Maisfutebol há dez anos. Ou pelo menos gosto de pensar assim. Comecei como leitor, claro está. Se não foi a 5 de Junho de 2000 andou lá perto. Tinha 17 anos, vejam bem. Ainda andava pelos juniores do Sacavenense. Sem grande talento, diga-se. Sempre fui melhor a olhar para o jogo do que a jogá-lo (e isto não é um elogio).

Tornei-me fã do MF desde o início. Em 2003 já ganhava passatempos. Quando convidavam os leitores para fazer perguntas a um jogador ou treinador, lá estava eu, na fila da frente. Por essa altura já andava na faculdade. Mal influenciado, decidi seguir o jornalismo. Até conseguir o diploma fiz três estágios. A distribuição era feita de acordo com o interesse do aluno e as ofertas que surgiam. Pediam-nos para especificar uma área. «Jornalismo digital», escrevia eu no formulário. Os meus colegas chamavam-me maluco. Os meus dois primeiros estágios deram-lhes razão. Fui traído pela opção «jornalismo digital». Sempre com o Maisfutebol na cabeça, insisti. A terceira tentativa foi correspondida.

De leitor, passei a colaborador. Primeiro a troco do subsídio de almoço, depois com um recibo ao final do mês que apresentava descontos de IRS e Segurança Social. Terminado o estágio, «fui ficando». «Enquanto assim for, já não é mau», diziam-me. E fui ficando.

Visto a camisola com encanto. Sempre. Fui a Paris e a Madrid, e até estive quase para viajar para o Canadá. Até já ajudei a escrever livros. Segue-se o Mundial 2010. Mesmo que seja em Queluz de Baixo, entro sempre na redacção a sorrir. As gargalhadas que damos na secretária passam para as notícias que escrevemos. Não criamos raízes em nenhum clube, organismo ou associação. Para o bem e para o mal. Podemos perder algumas notícias, mas também não recebemos entrevistas por e-mail. Temos menos meios que a grande maioria, mas adoramos contornar essas barreiras. Não fazemos menos que os outros. Também não digo que fazemos mais e melhor. Fazemos diferente, simplesmente. E isso enche-nos de orgulho.

Para um jovem como eu, que ainda se ilude voluntariamente a pensar que o jornalismo é um mundo cor-de-rosa, é um privilégio trabalhar no Maisfutebol. Só mesmo este jornal permitia que todos os jornalistas escrevessem uma prosa como esta, no dia do 10º aniversário. O Mourinho que me perdoe, mas...«the special ones» somos nós!