Com os sinais deixados na pré-época, e sobretudo no Bonfim, onde marcou menos de um minuto depois de ter entrado, Juan Fernando Quintero começa a justificar a titularidade no FC Porto. A qualidade do jovem colombiano está à vista, mas a grande questão é saber onde pode encaixar.

Por norma, a melhor forma de um jogador ser útil à equipa é atuar onde pode render mais, e não adaptado, mas há exceções. Esta pode ser uma delas, pelo menos numa fase inicial. Olhando para as características de Quintero e para as opções à disposição de Paulo Fonseca, o esquerdino pode encaixar no lado direito do ataque portista, assumindo um papel idêntico ao que foi desempenhado por Hulk e James nos últimos anos, e com sucesso.

Seria uma solução que permitiria conciliar Quintero e Lucho. O colombiano rende mais como «10», mas para ocupar esse lugar seria preciso recuar Lucho (ou em última instância tirá-lo do «onze»). Mexer ainda mais nas rotinas trabalhadas pela equipa até aqui, portanto, algo pouco aconselhável nesta fase.

Colocado no lado direito, «Juanfer» teria a possibilidade de jogar como «falso playmaker», sem a pressão da marcação no «miolo». Funcionaria como quarto médio portista, como acontecia com James, aparecendo na zona central, entre linhas, a desequilibrar. Um papel que, de resto, Josué desempenhou no Bonfim, e que já tinha feito com Paulo Fonseca no Paços de Ferreira (embora a partir da esquerda).

E Quintero tem também capacidade para fazer aqueles movimentos interiores típicos de Hulk, levando a bola da direita para a zona central, para depois (com ou sem tabela) procurar o remate com o melhor pé. Como se viu pelo golo marcado em Setúbal.

O risco desta aposta de Quintero no lado direito do ataque seria um eventual afunilamento do jogo por parte do FC Porto, sobretudo se no flanco contrário estiver Licá, que também não se cola muito à linha. Essa é, na verdade, uma carência do plantel orientado por Paulo Fonseca.

Jogar no flanco também exigiria outra disponibilidade defensiva de Quintero, algo em que não é tão fiável, mas isso poderia ser compensado pela organização do tridente do meio-campo. Regulares trocas de posição com Lucho seriam úteis não só ofensivamente, mas também no plano defensivo.

Esta seria uma solução para lançar Quintero no «onze» e aos poucos passar-lhe a responsabilidade de assumir a gestão do ataque portista. Para mais tarde, com outras rotinas e outro estatuto, assumir uma posição mais central.

P.S. (para seguir): Depois de um ano de estreia no futebol sénior um pouco intermitente, algo normal dada a idade, Diego Lopes parece agora preparado para se afirmar como titular no Rio Ave. Na ronda inaugural deixou bons sinais, contribuindo para um triunfo folgado no Restelo. Indicações que alimentam a expectativa em torno do médio de apenas 19 anos, que sempre se destacou na formação pelo Benfica, mas que rescindiu com as «águias» para rumar a Vila do Conde.

«4x4x3» é um espaço de análise técnico-tática do jornalista Nuno Travassos. Siga-o no Twitter.