O problema com Hugo Viana nunca foi questão de talento: desde que se revelou no Sporting, com apenas 17 anos, o médio deixou sempre indicadores seguros acerca da sua qualidade técnica. Mas o estrelato prematuro e as dificuldades enfrentadas em Inglaterra (Newcastle) e Espanha (Valência) fizeram esmorecer a chama. Durante demasiado tempo, a sensação dominante era a de estarmos perante um jogador acomodado, sem a fome de protagonismo capaz de fazê-lo cumprir todo o seu potencial.
O regresso à Liga portuguesa, num clube ambicioso como o Sp. Braga, serviu para relançar algumas expectativas: até que ponto teria novamente a ambição capaz de projectá-lo para um lugar entre os melhores? Discreto frente à Académica, mas influente na vitória em Alvalade, o seu rendimento nas primeiras jornadas deixava todas as respostas em aberto.
À terceira ronda, frente ao Belenenses, um livre directo astuto, a explorar uma abertura na barreira, e um remate de pé esquerdo, seguro, a fechar uma bela jogada colectiva, deram a mais eloquente das respostas. Com contributo decisivo para manter o Sp. Braga na liderança isolada, o internacional português mostrou quanto pode valer o seu segundo fôlego. Assim a fome de glória continue a alimentá-lo.