Esta é a história de um cipriota que vive no Porto e que esta noite vai estar entre dragões a torcer para que o Apoel perca. Mas é uma história que vai muito para além do futebol. Chega à fronteira da política e das convicções sociais do Chipre. A política e as convicções sociais de um país que ainda há poucos anos era dividido por um muro.
Siga o F.C. Porto-Apoel Ao Minuto
O muro que dividia a capital Nicósia caiu, as convicções sociais ainda não. Por isso Christoforos Frantzis, 22 anos, diz que não é apenas futebol. «Eu sou adepto do Omonia e sou incapaz de torcer pelo Apoel», diz em conversa com o Maisfutebol. «Sou comunista, como a maior parte dos adeptos do Omonia. Os adeptos do Apoel são outra coisa, são fascistas e nazis.»
O que ficou dito atrás não é apenas conversa, garante. «O Chipre foi durante muitos anos dividido entre a parte dos cipriotas descendentes de gregos e a parte dos turcos». Havia até um muro, guardado por soldados, lá está. «O governo actual está a lutar pela integração das duas facções num país unido. Mas há pessoas que não querem isso.»
«Nós, os adeptos do Omonia, somos pela pacificação do país. Os adeptos do Apoel não querem a integração. Querem que o país continue dividido. É uma mentalidade fascista que já não faz sentido. Por isso sou incapaz de torcer pelo Apoel. São os dois maiores clubes do Chipre, mas a rivalidade não tem apenas a ver com o futebol», acrescenta.
«Estou cem por cento seguro que o F.C. Porto vai ganhar»
Christoforos Frantzis vive em Portugal há quase um ano. É filho de pai cipriota e mãe portuguesa. Por isso decidiu vir estudar para o Porto. «Portugal é também o meu país.» Enquanto tenta entrar na Faculdade de Desporto, fez-se adepto do F.C. Porto. «Tenho lugar reservado no Estádio do Dragão para toda a temporada», lembra.
Esta noite, em jogo da Liga dos Campeões, vai estar na sua cadeira habitual. «Fica na bancada sul, junto dos Superdragões». A torcer pelo F.C. Porto, claro. «Estou cem por cento seguro que vamos ganhar. Não me passa pela cabeça outra coisa.» A visita dos compatriotas pouco lhe diz. «Não tenho nenhum interesse em estar com eles.»