A seleção nacional terminou o dia com uma receção inusitada à chegada ao hotel em Estocolmo. Um bando de suecos feito banda, equipado com a camisola da seleção e armado de flautas, clarinetes, trompetes e trombones, colou-se ao gradeamento que limitava o corredor de passagem dos jogadores a soprar a plenos pulmões a música da Pippi das Meias Altas. (Tradução para os mais novos: a Pippi é uma personagem infantil sueca com muitos, muitos anos.)

Não passou para fora grande reação dos jogadores ao momento de humor, cuja autoria foi depois reclamada por um jornal sueco, para responder na mesma moeda à banda de apoio à seleção nacional que, dizem eles, infernizou a vida do banco da Suécia durante a primeira mão na Luz, na sexta-feira passada.

Quando os jogadores entraram no hotel eles foram-se embora. Do mal o menos, já passou.

São dias tensos estes em volta do play-off que decidirá quem vai ao Mundial, e os tablóides suecos contribuem muito para agitar ânimos. Ao ponto de deixar um taxista argelino em Estocolmo a contar indignado ao Maisfutebol como viu um jornal ilustrar um artigo sobre a agressividade de Pepe com uma fotomontagem do internacional português com focinho de porco. «Tive vontade de escrever ao Pepe, para lhe dizer para confrontar os jornalistas quando cá viesse.»

Adiante. O dia para Portugal terminava com aquele tom de nonsense, nada de mais, depois de ter começado ainda em Lisboa com um treino para todos na Luz.

Desta vez não faltou ninguém, depois da ausência do trio do Real Madrid na véspera. Pepe e Cristiano Ronaldo tinham feito trabalho de recuperação no hotel, Fábio Coentrão tinha sido dispensado da sessão de sábado.

À hora de almoço houve « Parabéns a Você» para Nani, que fez 27 anos neste domingo. O jogador do Manchester United partilhou o momento (e o bolo) no Twitter.


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Seguiu-se a viagem para Estocolmo e uma noite de sono para preparar o dia que antecede o Portugal-Suécia, que a seleção aproveitará para o treino de adaptação ao relvado do Friends Arena.

A Suécia já lá está, desde este domingo. A equipa orientada por Erik Hamrén voltou a treinar esta manhã e, no fim, falou-se de penáltis. Uma vitória sueca por 1-0 ao fim de 120 minutos levará o play-off para as grandes penalidades. Que são, nota a agência TT, uma experiência nova para a maioria dos atuais jogadores da seleção sueca. Em jogos oficiais, a última vez que a Suécia teve de disputar um desempate por penáltis foi precisamente em Portugal, no Euro 2004. Perdeu para a Holanda, nos quartos de final.

O veterano Anders Svensson, o jogador mais internacional de sempre pela Suécia, é um dos poucos que resta dessa altura. Os outros são o guarda-redes Isaksson, o médio Kallstrom e Ibrahimovic, que aliás falhou um dos penáltis com a Holanda.

Svensson, 147 jogos pela seleção, diz que mesmo que esteja em campo nessa altura e se coloque a situação não será ele a bater. «Não. Sou muito bom a bater penáltis nos treinos, mas...» O médio defende de resto que marcar penáltis numa situação como esta não é coisa que se trabalhe. «É só uma questão mental, não de treino.» E diz que haverá mais em campo quem possa fazê-lo. Até arrisca nomes: «Temos o Kim, o Sebastian (Larsson) e o Zlatan. Depois o Elm... e o Lustig. Aí estão cinco.»

Também se continua a debater na Suécia como Ibrahimovic teve poucas vezes a bola na área no jogo da Luz. A propósito disso, perguntaram a Svensson se, sendo titular, poderia fazer chegar mais bolas ao avançado. O veterano do Elfsborg não se compromete, mas vai dizendo que sempre achou que «tinha mais esperança no jogo em casa do que no primeiro»: «O jogo fora iria ser sempre mais tático, mais defensivo.» 

Depois, quando lembraram Svensson que a Suécia ganhou nas últimas vezes que ele foi titular (Irlanda, Cazaquistão e Áustria) e perdeu sem ele (Alemanha e Portugal), o médio sorriu: «Já brinquei com isso antes. Quando temos de ganhar, eu jogo.»