O V. Setúbal desforrou-se da eliminação da Taça de Portugal e voltou, três semanas volvidas, ao local do crime para devolver a cortesia á Académica. Com um golo solitário de Binho, os sadinos deram uma lição táctica aos «estudantes», mostrando-se exímios a segurar a preciosa vantagem que lhes permite distanciar-se do Desp. Aves e do Beira Mar, agora a três pontos dos comandados de Carlos Cardoso. Este triunfo merece um ainda maior sublinhar se nos lembramos que o Vitória não vencia para a Liga desde 15 de Outubro e que já não marcavam qualquer golo há quatro jornadas seguidas.
Foi um jogo entre duas equipas ávidas de pontos, aliás outra coisa não seria de esperar pela posição ocupada por estas na classificação (Académica em 13º lugar e V. Setúbal na posição imediatamente abaixo). Em suma, os ingredientes para uma partida de futebol desinteressante do ponto de vista dos espectadores que, talvez adivinhando a fraca qualidade do prélio ou devido ao frio, preferiram ficar no quentinho do lar. O jogo, no entanto, valeu sobretudo pela segunda parte, quando as coisas animaram um pouco graças ao golo dos visitantes.
Ao contrário do jogo de há três semanas, desta vez escassearam os motivos de interesse. Mais preocupados com os pontos, os setubalenses apresentaram-se em Coimbra amarrados a um espartilho táctico que poucas veleidades deu ao adversário. Em traços gerais, a turma de Carlos Cardoso procurou fechar a sete chaves os caminhos para a baliza de Milojevic - que bem precisava¿ - e deixava lá na frente a dupla Varela/Amunke, jogadores bastante rápidos e criativos, a quem as bolas iam chegando muitas vezes directamente da defesa.
Valha a verdade que a estratégia da Académica não era muito diferente, só com a diferença que neste caso o jogo era preferencialmente canalizado pelas alturas, para tirar partido da estatura de Gyano, mas sem resultados práticos face à concentração da defesa sadina. O virtuosismo de Filipe Teixeira e Miguel Pedro também faziam alguma diferença, embora ambos se tenham revelado inconsequentes.
Tudo espremido, houve a destacar apenas dois pontos altos na primeira parte. O primeiro, uma bola cabeceada por Gyano que poderá ter entrado na baliza à guarda de Milojevic, já que o sérvio parece ter segurado o esférico para lá do risco de golo; outra num remate de meia-distância de André Barreto, com Pedro Roma a voar para conseguir desviar a bola para canto. De resto, pouco mais¿
O melhor estava para vir
A segunda parte foi bem melhor do que a primeira. O remate ao poste de Varela foi apenas o mote para o que haveria de seguir-se. Mais atrevidos, os setubalenses chegaram ao golo logo aos 52 minutos, por intermédio de Binho, que aproveitou uma falha de marcação dos «estudantes». Pouco depois, os visitantes poderiam ter resolvido a contenda caso o remate de André Barreto tivesse entrado em vez de esbarrar na trave.
A Académica, atordoada, reagiu aos soluços e, já com um arsenal de avançados em campo (Gyano, Nestor e Gelson) tentou carregar, à procura do empate. Mas a perdida escandalosa de Nestor, aos 77 minutos, espelhou bem a impotência dos «estudantes»: só com Milojevic pela frente, atirou para as nuvens¿